Depois do jogo de domingo, tivémos os dias turísticos de segunda, terça e quarta. Coliseu, Museu Vaticano, Fórum Romano... Quilómetros atrás de quilómetros nas pernas para quem já tinha muitos feitos de carro. Enchemo-nos de cultura e entretanto visitámos as lojas/sedes de grupos da cidade. As diferenças são gritantes: desde a comercializção obscena dos Irri, com fatos de banho do Mr.Einrich, roupões, roupas para bebé... Enfim... MERCANTI! De outro lado, a tentativa de ser Irri, por parte dos Boys Roma: dois bustos do Mussolini à entrada (sem comentários), e um aspecto muito "Zara", com uma organização para venda. Por fim, a dos ASR Ultras: uma sede "clássica": muita desarrumação, cachecóis e autocolantes na parede, uma maglia do Aldair emoldurada, em honra aos 13 anos romanisti do ex-Benfiquista e muitos, muitos desenhos relacionados com o emblema da AS Roma.
Fomos recebidos nesta última sede fantasticamente. Ficaram com um sorriso quando referimos o nosso clube (que grande é o teu nome, Benfica!) e foram de uma cordialidade extrema, oferecendo-nos gorros´, bandeiras e...um só cachecol, que saíu ao amigo RC. Fiquei a arder nesse aspecto. Tirámos fotos "para mais tarde recordar", e combinámos que nos veríamos na quarta, para lhes podermos dar material do nosso grupo.
Antes do jogo, nas imediações do estádio, encontrámo-los. Oferecemos cachecóis do nosso grupo e a sua felicidade foi imensa. Foi com orgulho, que vi um cachecol do meu grupo a ser empunhado pelo Ultra que liderava a Curva (não era o capo, mas o "homem do megafone").
A Sud é mágica, mesmo num dia mau, como foi o desse dia.
Apesar de não se sentir uma força estrondosa persistente nos cânticos, sentia-se aqui e ali qualquer coisa de fenomenal. Desde a cachecolada no hino da Roma, ao fumo mesmo aberto ao meu lado, tuo tinha um toque...de fantástico. É de facto uma curva "
Fantástica, super fantástica!...", como diz o cântico. Mas no meio de uma primeira parte de fotografias e de captação de pormenores fabulosos (apesar de escondidos, aqui e ali) veio um momento que ainda hoje me arrepia: ao intervalo, o marcador electrónico ia passando os resultados da jornada da Champions: Bayer Leverkusen 3 - R.Madrid - 0... e de repente Ajax - 0 Juventus -1. O efeito é fenomenal: um coro imenso de assobios e o cântico mais que mítico:
"Il Lunedì che umiliazione andare in fabbrica a servire il tuo padrone, oh juventino ciuccia piselli di tutta quanta la famiglia Agnelli... e JUVE MERDA, e JUVE MERDA". O pessoal todo a levantar a voz, montes de gente a bater no acrílico... Todos com um ódio eterno à Vecchia Ladrona. Cá está uma das maravilhas desta viagem: eu conhecia o cântico do que me contavam, o RC do "Ultra, assalto ao estádio", mas ali, vivemo-lo. Cantámo-lo. E foi demais.
Fomos então ao sector dos ASR Ultras falar com os Ultras que conheceramos na sede. Oferecemos a vários elementos dos ASRU a revista "ADEPTOS" - que já agora sugiro que compreme colaborem - e tomámos contacto com uma realidade algo surpeendente: os ASRU são só e apenas 40 e têm à sua frente um rapaz de 22 anos. Afastados os elementos que envenenaram o grupo, estão a tentar dar uma volta ao grupo líder edsta Curva mítica. Nisto, enquanto dávamos as revistas, eles reparam no nosso pano embrulhado na mochila do RC. Tiram-no e vão pô-lo em cima da faixa deles. Nós ainda tentamos dizer que não mas eles, bem ao modo italiano, respondem-nos: "É uma honra para nós." Palavras para quê?
Seguiu-se um fabuloso jantar com os nossos amigos, onde rimos, oferecemos prendas e nos despedimos. Que dia fabuloso...
Na manhã seguinte partimos para Barcelona, onde estivémos com um Ultra do RCDE e com "um dos nossos", o grandíssimo D., que nos deu alojamento. Depois de algumas horas de sono, o regresso a Portugal, onde finalizaríamos a viagem de 5100 km a assistir a um aparatoso acidente mesmo à nossa frente, depois da ponte 25 de Abril. Estávamos de volta e já tínhamos saudades de Itália.