Thursday, December 04, 2008

Derby de São Brás



Depois de meses de hibernação, de um exame horroroso, de um período sinistro da minha vida onde beber um café antes de estudar era considerado um "evento social", o primeiro jogo de futebol - vários meses depois - a que assisti ao vivo foi... o GD Machados - Sambrasense.

A pedido da minha irmã - directora do Sambrasense (jornal) - fui enviado como reporter para o jogo. E não podia ter sido um regresso às origens melhor.

Não fomos com um espírito totalmente "Liga do Últimos", o que até seria fácil. Aliás, a abordagem foi a inversa: a reportagem teria que ser séria e que motivasse as pessoas da terra para a compra do jornal.

À chegada, a minha irmã e o F. (que viu o seu primeiro jogo de futebol ao vivo na vida e ia curiosíssimo) ficaram pasmados com o que se lhes deparou: há pessoas que, a um sábado à tarde, vão ver um jogo jogado num pelado completamente inundado, numa bancada mínima, com um frio bestial e à chuva. E não são assim tão poucas.

O que se seguiu foi o típico do futebol distrital: porrada a campo inteiro, dois passes seguidos eram considerados uma jogatana, um tipo que até dava uns toques, mas que por isso levava mais porrada dos outros. Enfim. E a malta...a ver bola. A insultar o Garrana como se fosse o Zidane a jogar pela equipa adversária. A aplaudir o Lino como se fosse o Messi. Mas tudo com aquele toque típico da terra: desde o sotaque ao "sei onde é que moras!" que tinha o seu quê de ameaça verídica. Enquanto a minha irmã e o F. se riam e tiravam fotos, eu tirava apontamentos tácticos e sentia-me, meses e meses depois, em casa. Ali, à chuva, com um frio diabólico, sem sequer ter visto mais de duas jogadas de futebol à séria. Soube-me bem. E isso tem o seu quê de triste e de fantástico.

(Não sei porquê, mas este post não foi colocado quando o escrevi desde casa. Agora estou em Praga e vamos ver se isto cola. Quando voltar, chegam as crónicas regulares. Obrigado por terem vindo cá espreitar. Um abraço)