Sunday, March 27, 2005

Setúbal - Benfica: Clube vs. Sociedade

Primeiro, lamento a ausência de posts durante algum tempo. Situações alheias à bola, têm-me tirado tempo e imaginação para escrever aqui. As minhas desculpas.

Segundo, várias coincidências impediram-me de ir a Setúbal e de ir ao próximo jogo em casa. (Que chovam os insultos e as faltas a vermelho... Eu mereço.)

Terceiro, a razão que me fez faltar a Setúbal foram nada mais nada menos que os 50 anos desse grande Benfiquista que é o meu Pai. Ora, 50 anos já devem ser mesmo muitos, porque o coitado marcou a festa no dia de jogo e logo num restaurante sem televisão. Perguntei-lhe, com um misto de brincadeira e fúria, se a senilidade chegava directamente aos 50.
O que tenho para vos perguntar é isto: nunca pensaram que passaram os limites? É que eu durante muito tempo acreditei piamente que o Setúbal - Benfica era verdadeiramente mais importante do que a festa do meu Pai. Ora, isto faz ver que a minha (nossa, caros leitores?) obsessão é um perigo claro às nossas interacções sociais. Ainda para mais com o Benfica em sério risco de ser Campeão, eu passo muito do meu dia a imaginar os próximos jogos, a fazer contas, a imaginar o Marquês cheio de Benfiquistas com o leão pintado de vermelho...
Mas isto - passar a maior parte da minha vida a pensar no meu clube - eu já sabia, o que nunca pensei é que tivesse uma dose de loucura tão grande que não me apetecesse mesmo ir ao jantar.
Valeram as mensagens do D. (um relato preciso e precioso de todo o jogo...), os festejos dos golos e a camisola do Glorioso, com o número 50 e o nome do meu Pai, atrás.


Deixo-vos com o seguinte excerto:

" - Em que é que estás a pensar? - Pergunta ela.
Neste ponto, invento uma mentira. Não estava a pensar no Martin Amis nem no Gérard Depardieu nem no Partido Trabalhista. Mas afinal de contas, os obsessivos não têm alternativa; precisam de mentir em alturas como esta. Se disséssemos sempre a verdade, não conseguíamos manter relações com ninguém no mundo real. (...) A verdade é esta: Durante bocados alarmantemente grandes de um dia normal, eu sou um imbecil."

in Febre no Estádio, Diário de um Fanático de Nick Hornby

Sunday, March 13, 2005

Benfica - Gil Vicente: Nós só queremos Benfica Campeão!...

O terceiro anel tem o seu quê de feminino. Muda de humor depressa, é dificíl de perceber. De um momento para o outro não assobia uma subsituição em que sai um avançado e até aplaude oGeovanni. Fosse uma rapariga a ter este comportamento "esquizofrénico" e suspiraríamos... "Gajas... ". Mas não. Talvez até porque o terceiro anel tenha é a honestidade masculina do aplaudir o que se gosta e assobiar o que não se gosta. Mesmo quando as coisas não são assim tão lineares. Enfim, analogias de alguém cujo brilho nos olhos vai aumentando jornada após jornada.

Ontem a Luz batia palmas a compasso, fazia um esforço para não assobiar passes falhados, esquecia as feridas da época e - não sei se este blog anda assim tão famoso - parecia até contentar-se com uma goleada de 1-0. O sonho anda à solta. Há mesmo hipótese, neste momento somos mesmo favoritos. Cerremos fileiras até ao fim para aguentarmos a pressão.

Cabe-nos agora mostrar que temos estofo de Campeões. Temos que cantar mais, ter mais paciência quando o adversário não sai da toca e galvanizar os nossos.

Entre os sonhos que temos de ter (se nós não acreditarmos ninguém acredita por nós...) e a realidade (faltam 9 jornadas tão tensas como a de ontem), resta-nos encontrar o equilíbrio. Porque os sonhos pintados de vermelho são lindos e vê-los a desfazerem-se seria triste e cinzento, resta-nos aguentar penosamente estes dias entre os jogos (não consigo concentrar-me em nada 5 minutos sem começar a cantar: "Escuta da Curva na nossa voz...") e transcendermo-nos nos mesmos. A hora é de uma luta tão "trapattonista" que até estas crónicas parecem imitar-se, como se a repetição das mesmas pudesse ajudar o Benfica a repetir as exibições sofridas e conseguidas de ontem...
Perdoem-me a falta de inspiração, mas já diz o ditado: "Bola para o mato, que o jogo é para campeonato!"



Nós só queremos Benfica Campeão, Benfica Campeão, Benfica Campeão...

Monday, March 07, 2005

Benfica - Beira Mar / Nacional - Benfica: Goleadas de 1-0

A hora é de guerra. Não há tempo sequer para contarmos as armas. Mesmo nas bancadas, este não é o tempo de cânticos novos e coisas assim. Agora é sofrer. É golear 1-0 e festejar.

Falta pouco, Rapazes, falta pouco. O título, 10 anos depois, pisca-nos o olho e diz-nos que é possível. Só temos que nos esforçar mais um bocado, esquecer as feridas da época e - sempre de olhos postos na glória - correr mais um bocado, ganhar aquela bola, gastar mais um bocado de voz, puxar pela bancada quando é canto para a equipa adversária e faltam 2 minutos para o fim....

A hora não é de "olés" nem de fintas. É de pontapés para a bancada e queimar tempo quando estivermos a ganhar. É a hora de fingir lesões, depois de termos marcado um golo de sorte. Os tempos não nos aconselham a ensinar cânticos aos sócios da central, mas de lhes explicar que assobiar não ajuda. E temos que puxá-los para a nossa luta, para quando uma bola for pontapeada para a bancada eles também demorarem na sua reposição...

Eu também amava golear 5-0 todas as equipas que nos aparecessem à frente. Ganhar com golos de pontapé de bicicleta e túneis aos defesas. Mas se não dá, prefiro assim.

A hora é de não faltar na bancada, cantar até sem voz e transmitir aos jogadores que o título mora já ali e que é possível. Não há tempo para pensar nas nossas fraquezas. Temos mesmo de nos esquecer que elas existem.

Força Mágico Benfica!

Thursday, March 03, 2005

Diálogo...

... dedicado a (alguns) polícias que acompanham as claques.

Mr.Pink: "Did you kill someone?"
Mr. White: "Some cops."
Mr. Pink : "No real people?"


in Reservoir Dogs, filme de Quentin Tarantino

Tuesday, March 01, 2005

porto - Benfica: Agradecimentos e desculpas

Aos jogadores do SL Benfica:

Quando ouvi aquele maldito "BRUUUÁÁÁÁÁ" do golo deles (só mesmo naquele estádio para não se ouvir "Golo" normalmente), pensei: "Vão-se seguir os 2 ou 3 da praxe?". Obrigado rapazes por terem respondido que não. Obrigado por todo o jogo, mas sobretudo por aquela última meia hora sem medos, à Benfica.
Senti orgulho nos silêncios que vocês provocaram. Amei a ver as caras amedrontadas deles enquanto trocávamos a bola e jogávamos futebol sem receios. Foi bom. Foi bom o festejo do golo quando eles já davam a festa como certa, foi óptimo ver-vos virem agradecer a presença e apoio, e foi excelente ver o espírito de luta e de entrega. Amei que, nem que tenha sido só um jogo, me tenha parecido que sentiram a camisola.
Tenho orgulho em vos dizer que nem que tivéssemos levado o segundo golo no fim, deixava de vos dizer isto.
Obrigado.

Peço-vos agora desculpa porque sinto que não estivémos à altura. Acontece. Na maioria delas são vocês que não estão à altura dos adeptos que têm, mas ontem fomos nós. Uma curva Benfiquista no porto tem que mostrar mais do que nós mostrámos. Pelo esforço da direcção encarnada, pela vossa luta em campo e pelo nosso adorado emblema (tão grande que és Benfica... 101 anos...) devíamos ter cantado mais. A única desculpa imaginável foram os nervos do jogo, mas não chega. Ainda para mais quando a vossa garra chegou ao ponto do Miguel pedir o nosso apoio.
Rapazes, desta vez, não estivémos à vossa altura. As minhas desculpas.
Oxalá que nos alcancemos (jogadores e adeptos) em prestação no ponto mais alto: sermos Campeões.