Tuesday, September 13, 2005

Fechado para férias

O vosso amigo partirá hoje para férias. Sim, nesta altura do campeonato é que eu viajo, porque as minhas aulas são só em Outubro.
Vou estar um mês na Europa de Leste para ver se esqueço o derby.
Sempre que for a um cyber café ou assim tento escrever cá.

Um abraço a todos, vou dando notícias.

Thursday, September 01, 2005

Académica - Benfica / Benfica - Gil Vicente: Sofredores.

"Aquele gajo é Benfiquista?"
"Aquele? Aquele é um sofredor."

Ser adepto é sofrer. É o modo "default" desta vida. Depois da mágica euforia do mês de Maio, Agosto trouxe-me à terra outra vez. (Agora que releio a frase anterior não posso deixar de me sentir enganado (por mim mesmo!) : terá havido maior sofrimento na minha vida do que aquele que senti antes do dia 22? Duvido muito.)
Quando o nosso clube leva um golo há uns segundos que nos parecem infinitos: o árbitro a apontar para o meio campo, os festejos dos adeptos adversários e o silêncio avassalador que se apodera de nós. Olhamos à nossa volta e vemos de tudo: uns em silêncio, outros com as mãos na cabeça e uns que tentam cantar para "animar a malta". Há ainda quem murmure "Estava-se mesmo a ver." (e há sempre alguém que diga isto, mesmo que tenha sido a primeira vez que os outros saem do meio campo.) e outros que gritam furiosos contra o árbitro pedindo foras de jogo a jogadas individuais ou outras pérolas assim.
O que há de comum em tudo isto é o sofrimento. Ser de um clube é sofrer. Amá-lo é sofrer mais ainda.
Quando a nossa equipa perde temos todos tendência a racionalizar: "Isto são 11 contra 11, e eu gosto é de música / de poesia / do meu trabalho / da minha família." Mas para nós que amamos mesmo isto do fundo do coração, não há racionalização possível. Sinceramente, depois do segundo golo do Gil Vicente, mesmo que tivesse um problema grave por resolver ou uma alegria com que me preocupar, o sofrimento pelo Benfica bateria isso. De sábado para cá, o sofrimento ainda não passou, portanto estão a ver o meu género.
É no sofrimento que nos revelamos. É por isso que os que não percebem o que isto é se chocam tanto. Pela nossa capacidade de ficarmos realmente magoados e ressentidos com o que se passa em campo. Com a nossa demente capacidade de repetir a meio de um jantar de família ou de uma reunião "Se aquela bola tivesse entrado..." com o olhar triste e perdido.
No meu caso, o maior escândalo deste género que consegui protagonizar foi numa aula de Portguês depois de uma derrota do Benfica. Estávamos a analisar um poema qualquer de um autor romântico qualquer. A Prof no fim do poema (que acaba mal para a história de amor retratada) vira-se para a turma e diz:
"Isto é que é sofrer..." com aquele ar sentido que só as professoras de português experientes conseguem ter, dando-nos quase a ilusão que tudo o que está nos livros é lindíssimo.
Sem pensar, respondi de pronto: "Se o poeta tivesse clube, logo via o que era sofrer!...." Risada geral, como é óbvio. Ou quase geral, porque eu não me ri. Eu estava mesmo profundamente triste (só isso explica não ter aguentado a dor cá dentro).
É exactamente o que se passa agora: é quinta feira e o jogo foi sábado, mas não consigo deixar de ter que partilhar a dor de amar um clube convosco.
Porquê? Porque sou um sofredor.