Monday, August 30, 2004

Beira Mar - Benfica: Lutem por quem vos apoia!


Mais uma época. Nascem os sonhos, as fábulas de vitórias e novas glórias. Começa a dura batalha de 34 jogos, voltam as deslocações, a rotina da concentração na Shell no Estádio da Luz, a mais que batida viagem na A1 (já que esta $uper Liga está virada para Norte...)...
A viagem foi fixe. O grupo do costume, as brincadeiras de sempre, as discussões à volta de jogadores amados por uns e odiados por outros, etc.
Tive a revista mais estranha de sempre, em que um polícia com complexos de inferioridade dada a sua limitada estatura me revistou tudo, chegando a abrir-me a carteira e a contar as moedas que lá tinha (porventura, o coitado precisava de trocos...). Mas pronto... Não vale a pena comentar a estupidez, mesmo que esteja fardada.
O jogo foi....À Benfica. Começar com nervos, não saber o que fazer à bola, de repente marcar 3 golos para sossegar a malta, e logo a seguir levar dois para matar os cardíacos. Mas o que me interessa é que os rapazes correram. Esforçaram-se. O Manuel Fernandes impressionou-me no meio campo e o Karadas - conforme o previsto no meu autocarro - meteu "duas batatas".
Lá bem no fundo chego a acreditar que eles leram a levaram a peito a frase que tão pacientemente pintámos:
"Nós cumprimos o nosso papel...
Cumpram o vosso!!!

LUTEM POR QUEM VOS APOIA! "

Tuesday, August 24, 2004

Anderlecht - Benfica: lugares comuns para serem levados a sério

Como devem compreender, o autor deste blog encontra-se de rastos depois da miserável actuação da sua equipa. Cheguei ao computador desolado, triste e inconsolável. Deixo-vos com dois "lugares comuns", um de cada claque Benfiquista, que, como a reza nas alturas mais dificeis, certamente nos vai deixar algum consolo. Pelo menos para mim servem.

"Se vale a pena? Tudo vale a pena quando a alma é Benfiquista!"

"Demasiado fiéis para desistir!!"

Saturday, August 21, 2004

Benfica - tripeiros: ...

Odeio perder com estes bastardos. Odeio.
Um Benfica - porto é um Benfica - porto. É um jogo de amor e ódio, de sofrimento louco, de glória ou tragédia. É a eterna luta entre o Bem e o Mal. Visto deste lado da barricada, nós somos, obviamente, o Bem. Um Benfica - porto é uma cena tão forte como serem vocês ou o vosso maior rival a levarem a rapariga perfeita do liceu para o baile de finalistas (isto visto de uma perspectiva muito americanizada, e logo, forçosamente foleira).
Estes jogos são como um tenso jogo de xadrez. As coisas parece que acontecem muitíssimo devagar: eu aos dez minutos já estava tão rouco e nervoso que cheguei a pensar que faltavam 5 minutos para o intervalo. Tal como num tabuleiro, as peças complicam-se, a bola anda sempre no meio campo, há muitas faltas, cada canto a favor faz a bancada saltar para cabecear uam hipotética bola e cada canto contra deixa-nos apertados como se fossemos meninos a ver um filme de terror.
Odeio-lhes tudo naqueles 90 minutos. Todos temos amigos do outro lado da bancada, familiares e outros colegas que sofrem pelas cores contrárias, mas naquela hora e meia ninguém se lembra disso. É a coisa mais séria do Mundo. O Mundo inteiro está ali. Para mim, naqueles 90 minutos, era-me impossível compreender que podia existir Mundo e gente e vida para lá do Municipal de Coimbra. Não sei se percebem a intensidade da coisa.
Os cânticos e as frases não são simpáticos. Os sinais com os dedos também não. Naquela hora e meia só queremos esmagá-los. É a prova mais fulgurante que o futebol não é uma arte como o cinema ou a música. Nenhuma pessoa normal queria ir ver um concerto em que o maestro não pudesse mexer um braço. Pelo contrário, nós festejámos a lesão de um dos azuis. É como vos digo: o Mundo, num Benfica - porto, tem obrigatoriamente que parar. Tudo o que interessa é aquilo.
Detestei perder. Ainda estou a detestar. Mas é a vida. Tenho a certeza que vou passar noites a acordar a imaginar se o Miguel tivesse passado ao Zahovic em vez de ter chutado de ângulo apertado... Se aquele cabeceamento do Sokota tivesse entrado.... É a vida.
Nem sempre conseguimos convidar a chefe das chear-leaders (é assim que se escreve?) para o baile de finalistas (de volta à pirosice americana). Às vezes não temos a nota que queríamos naquele exame.
Mas isto é muito pior.

É a vida de Ultra. Força rapazes!

Sunday, August 15, 2004

Estoril - Benfica : é para isto que os amigos servem

Fiquei em casa. Epá, desta vez nem me insultei, não tinha mesmo dinheiro, a descupa era forte.
Pela TV, quem foi deu conta do recado. No fundo, é para isto que os amigos servem: para cantar também por nós quando não estamos lá (é mais ou menos como os médicos que trocam de turnos de urgência).


Obrigado rapazes!

Wednesday, August 11, 2004

Benfica - Anderlecht: "o desejo absurdo de sofrer"

Apito final. Festa na Luz. Das duas uma: ou esta gente tem muita fé no acaso de nunca termos sido eliminados depois de um 1-0 em casa, na primeira mão, ou então há por aqui muito anjinho.
Disse Sting (um cantor, que pura e simplesmente ABOMINO) que o futebol é como a religião: passamosa vida a sofrer (por coisas que até podíamos ignorar), até ter uma alegria que apaga tudo.
A 24ª Taça apagou-me muito. Ou tudo. Nem sei dizer, tal foi a loucura. Mas a minha pergunta é se voltou o sofrimento... Os calafrios, os espasmos involuntários para afastar a bola da nossa área, aqueles "Foda-se!...", com um suspiro no fim, depois da bola andar lá tão perto...
600km. Chego ao comboio e estão mais alguns DV, que passavam férias no quente Algarve. Na altura achei piada à coincidência: todos na mesma carruagem, todos a cagar na praia e nas férias. De comboio... Muito à Ultra.
Agora, já em casa, pergunto-me senão seremos um género de religiosos, versão hard-core de todos os fundamentalistas que já apareceram por aí. Eu amo o SL Benfica, (assim mesmo, com todas as letrinhas da conjugação do verbo "amar") e não me imagino sem ir à bola e festejar golos. Mas concordemos, que Diabo (1982?), que o que se passou ontem foi um sofrimento. Uma nervoseira, cheia de calafrios mórbidos e sustos.
O que é que nos leva a isso? Que sobre-humano amor é este que nos dá o "desejo absurdo de sofrer" de que falava Cesário Verde? A pergunta é mais que pertinente. Se não, observemos a ironia que é ir a Lisboa ver um jogo (para quem não percebe mesmo nada disto: FUI A LISBOA VER 90 MINUTOS DE FUTEBOL) e suspiro de alívio quando aquilo acaba (nova tradução: FICO FELIZ POR TER ACABADO O JOGO PARA O QUAL EU ME DESLOQUEI).
Não argumentem que fiquei feliz porque ganhámos. Ok, também é verdade, mas eu durante o jogo sofri, no sentido mais profundo da palavra.


É estranho, não é?

E é tão bom, não é?

Um abraço a todos os que, como eu, fazem os Km que forem precisos, para suspirar de alívio no fim.

Friday, August 06, 2004

Por onde andas futebol?

Vejo futebol desde que me lembro que existo. A sério. E ainda bem que o faço, porque senão, dada a minha (felizmente) tenra idade, não tinha visto o futebol mítico enquanto ainda existia.
Já discuti isto com várias pessoas (que considero saberem BASTANTE acerca do mágico jogo) e é aterrorizador pensar nos quatro semi-finalistas do Itália90 (o meu primeiro Mundial) e comparar com as equipas de agora.
A Itália de Schilacci (não sei se é assim que se escreve...), Vialli, Baggio, Bergomi, Maldini....
A Argentina de Cannigia, do guarda-redes que defendeu éne penalties - Goikotxea (também não deve estar bem escrito...) e de um tal de Diego Maradona.
A Inglaterra comandada por Robson, que tinha nas suas fileiras Gazza, Lineker, Pearce, Shilton....
E a Alemanha de Matthaus, Voeller, Kopke, Brehme, o Andreas Moller ainda puto...
Que é feito destas equipas míticas? Terão sido engolidas pelo papão chamado futebol indústria? Que é feito do Inter do trio alemão e do AC Milan do trio holandês? Terão morrido todas as equipas históricas?
Não me venham com conversas que o Real MAdrid de hoje será mítico daqui a uns anos. Todos sabemos que não. Extraordinárias eram as equipas que jogavam as competições europeias com apenas três estrangeiros (que sabíamos de cor e salteado!). Incrivel era o Barça do Cruyff, o Benfica de 93/94, o Red Star quando foi campeão europeu...

E de repente esta é outra vitória do futebol moderno. Morrem as equipas e as finais míticas. Ficam os bilhetes caros e os estrangeiros que hoje beijam o emblema e amanhã já não sabem o nome do clube.

Que é feito do meu futebol dos tempos de menino?
É a constatação mais grave da minha vida adulta: morreu.

Wednesday, August 04, 2004

Dias sem bola

Parecemos heroinómanos em ressaca. Eu só imagino golos, tifos e bandeiras novas.
Uma dose de morfina se faz favor. Ou um jogo amigável, vá lá...

Sunday, August 01, 2004

Braga - Benfica: os tristes dias em que ficamos em casa

Hoje não fui a Braga.
Vi o jogo calado, envergonhado e a insultar-me.
"É só um amigável!", "Os homens não estão a jogar nada, se calhar o que lhes faz falta é mais uma voz a cantar...", "Porra, é o primeiro que perdes.", "Epá, nem sequer estou a fazer nada de especial, devia ter ido.", "Tu estás em Faro! O jogo é em Braga!", "O amor não olha a distâncias...", "Estás a poupar dinheiro para os próximos!", "Sou só mais um ultra da net...", "Sou uma vergonha."

Odeio-me nestes dias. Mesmo que tenha mil razões racionais para justificar a falta, sinto-me embaraçado, triste e de cabeça baixa como os putos quando fazem asneiras.
Fico com a impressão que devia pedir desculpa ao emblema, que se calhar até tínhamos ganho se eu lá tivesse ido.

O amor, mesmo que seja por um clube, por uma coisa mais abstracta e menos palpável, dói sempre. Faltar a um jogo dá-nos a mesma sensação que nos afronta após uma discussão com a namorada.