Tuesday, July 31, 2007

3 anos

3 anos de blog.
A escrever irregularmente, à espera que um dia alguém pinte na parede uma frase que tenha surgido por aqui.



Obrigado a todos por terem a teimosia de aparecerem e me obrigarem a escrever cá.

Friday, July 27, 2007

A analogia da namorada (Simão outra vez)

A propósito deste post do excelente Encarnado e Branco, apeteceu-me voltar à carga:
Simão foi, durante estes 6 anos, a namorada perfeita. A rapariga com que sempre sonhámos. Vem desgostosa de uma relação (que era de uma divisão incrível), mas vem ter connosco. Voamos, como é óbvio. É a rapariga dos nossos sonhos. Tem sentido de humor, é lindíssima, o sexo é fantástico. Mas, sabemo-lo bem, não está apaixonada por nós. É óbvio. É só olhar. É só ver a maneira como ela ainda pensa no seu desgosto amoroso e como quer voltar a ter rapazes daqueles. Depois, quando lhe tocamos no ombro, faz um ar paternalista: está tudo bem. E nós fingimos que acreditamos. O sexo é cada vez melhor, já a apresentámos aos pais e eles gostaram, temos todos os gostos em comum. Mas ainda, assim, sazonalmente, vemos aquele olhar de quem quer partir.
E agora, que até já sonhávamos em casar e ser felizes para sempre, ela diz que não vai dar. Tem um namorado novo, que não gosta tanto de cinema e teatro como nós, mas tem mais dinheiro para a levar a viajar. Depois vem aquela frase fantástica: "Mas gosto muito de ti, podemos continuar amigos."

Há dois tipos de comportamento: há os que metem na cabeça que ela estava mesmo, mesmo, mesmo apaixonada por nós e que isto a vida é mesmo assim, mas vamos sempre ser amigos e trocar mensagens fofinhas, e há os outros, como eu, que lhe chamam logo p... e que só vão ter saudades do sexo.

Wednesday, July 25, 2007

Simão

São três e um quarto da manhã, estou de férias e volto a este blog depois de uns tempos de ausência. E volto com a má notícia que os jornais a esta hora já me confirmam: Simão foi-se embora.
É uma má notícia, até pelos valores apresentados, mas sê-lo-ia independentemente dos mesmos. Saiu Simão Sabrosa, abono de família da equipa e símbolo máximo da saída da maldita crise dos 10 anos.
Eu devia agradecer-te. A esta hora, ainda me é fácil lembrar que os grandes festejos da minha vida no estádio foram por tua culpa: o segundo golo ao porto na final da Taça de 2004. O 3º golo aos lagartos no fantástico jogo da Taça. O penalty no Bessa. And so on. Mas sabes, Simão, apesar de racionalmente saber que te devo isto tudo - e que se não fosse "isto tudo" - a minha vida futebolística era uma merda muito maior do que eu já a sinto - não me consigo forçar a agradecer-te. Pela simples razão de nunca te ter sentido do Benfica. Foste o maior craque que eu vi com a camisola vermelha nos últimos anos - é pacífico. Mas nunca senti um dos meus, um dos nossos.
Porque havia sempre esta birrinha no início do ano. Porque havia sempre uma lesão quando a época já não dava nada. Mas, muito mais do que isso, porque nunca senti que pudesses chorar como eu, que pudesses sofrer como eu. Às vezes acho que o Luisão pode começar a chorar quando perdemos um derby, como eu quando era pequenino (e ainda hoje, que já sou grande, mas tenho que me esconder para ninguém ver). Sinto isso. Sinto que ele um dos nossos, um Benfiquista. E senti que o Miccoli estava a começar a ser. E que até o David Luiz, pela raiva com que joga, pela forma como nos quer agradecer por ter sido escolhido para jogar num clube tão grande, o virá a ser. Mas tu, Simão, nunca.
Era uma coisa tua e só tua, não era? Via-se nos teus olhos. Quando marcaste em Anfield e em Old Trafford, lia-se nos teus olhos que já lá te vias para o ano (e nem te importava se eram os Reds de um lado ou outro). Era uma coisa pessoal. Importava era que te aplaudíssemos e gritássemos o teu nome (sempre me esforcei por não o fazer contigo porque nunca me esqueci de onde vinhas), mas era-te indiferente se éramos nós - os do Benfica - ou outros a fazê-lo. Sempre te estiveste a cagar. Deste-nos muito, muitíssimo. Mas não o fizeste por nós, era por ti.
Podias ter sido um dos grandes, sabes? Um daqueles de quem falaríamos nas viagens para uma deslocação longínqua, um daqueles que íamos sempre aplaudir de pé quando entrasse outra vez na Luz. Tu não percebes a profundidade disto, pois não? Por exemplo, tu nas antas - ou no dragão, encolhias-te sempre quando eles te assobiavam. Porque - mais uma vez - era pessoal. E tu não gostavas que não batessem palmas, não era, Simãozinho? Se fosses um dos nossos (e podias ter sido, era fácil, caraças, era tão fácil) ias amar aqueles assobios. Ias perceber que só te assobiavam porque tinhas a nossa camisola. Mas não, eras tu, tu e tu. Nunca viste mais além do teu umbigo.
E agora vais-te embora. Assim, sem dizeres sequer um "Até já", a dares cabo de uma preparação da temporada, sem teres o mínimo de brio de quereres sair como campeão. Querias mesmo mudar de camisola, nem que fosse para uma feia, mas que tivesse mais gente que te pudesse bater palmas. É engraçado pensar na tua ida não como para o Atlético de Madrid, mas como para o Campeonato Espanhol. Porque para ti é isso, não é? É mais gente a ver. Ser capitão da equipa com mais sócios do Mundo não te chegava.
Deste-nos muito, Simão. Muito mais do que pensava quando te foram buscar. Podias ter voado alto, podias ter-te eternizado cá (acredita, neste clube, há quem saia de cá eterno sem jogar tanto como tu jogaste), mas preferiste vender-te.
Deste-nos tanto, tanto, tanto. Mas não chegou para me arrancares o "Obrigado". E o que é mais frustrante é que tu nem disso queres saber, meu cabrão.