Thursday, February 17, 2005

Braga - Benfica: Ser ou não ser... Ultra

Porque nesta época a minha vida académica mais se assemelha ao calendário do Benfica - apertado e decisivo - tive que faltar a outra deslocação.
Ora, apesar de eu ser um habitué dos jogos do meu clube, há ainda coisas que estão à frente do mesmo. A pergunta - e debate que vos lanço - é: até onde é preciso ir para se ser Ultra. E, claro - interessará "ser Ultra" para alguma coisa?
Para já, há que tentar definir "Ultra". Podemos ver a coisa de duas maneiras: a primeira como um adepto fanático, pertencente a uma claque que vai a todos ou quase todos os jogos. Tem um certo número de comportamentos padronizados que variam bastante consoante o grupo e a pessoa em si (o que torna o "padronizados" fora do contexto, mas adiante). Outra definição será umas mais... lírica. Ultra é aquele que vive para o clube, que só vê o mesmo à frente e que sacrifica tudo para o ver e apoiar.
A questão é que eu me sinto confortável na primeira definição: de facto, vou à maioria dos jogos, mas não vou deixar de comer por não ir ver um. Da segunda, obviamente, desmarco-me. Até porque tenho um respeito muito grande por todos os que são assim, e acho que até seria insultuoso comparar-me aos mesmos. Mas se é a segunda definição a aplicável, quantos verdadeiros existirão em Portugal e no Mundo?
Outro ponto importante é que o faltar a um jogo não me faz mais ou menos Benfiquista. O meu Benfiquismo, lamento não ter modéstia nenhuma em dizê-lo, é inquestionável.
Então, porque discuto eu isto? Porquê discutir uma definição, quando há outra - o clubismo - maior e subjacente por trás? Porque ser adepto é isto mesmo. É amar tanto um clube que, apesar de racionalmente sabermos que nos é impossível segui-lo a todo o lado - nos fica sempre um espinho cravado em cada jogo que faltamos, como se fosse um pecado mortal faltar a um jogo, falhar um cântico, não levantar o nosso estandarte. E deste pecado nasce uma vergonha por usarmos uma definição - a de Ultra - que porventura só se aplicará aos que não cometem este tipo de pecados (e ainda os há aqueles que sendo "Ultras" por comportamento, rejeitam a definição).
É uma discussão quase circular e, porventura, sem sentido algum. Um abraço Benfiquista à espera de comentários e de discussões (sem insultos...) ainda para mais porque no universo do apoio ao nosso Mágico Clube, estas definições mais confusas são.

Tuesday, February 08, 2005

Benfica - Académica: Fé

É quando uma pessoa está mal que vê os verdadeiros amigos que tem. Soubessem ou sonhassem os jogadores e dirigentes que os verdadeiros "amigos" dos seus clubes são aqueles que, quando a coisa está mesmo mal, ficam ao lado do emblema.
O meu Benfica atravessa um período negro na sua história (a Taça do ano passado maquilha a coisa, mas não chega). No meio de toda a tristeza que esse facto me dá, consigo discernir que é agora que se vê quem é que é mesmo Benfiquista. É agora, quando o clube perde em casa com clubes mais pequenos, quando um rival anda na melhor época da sua história, que se vê quem é que se orgulha do emblema. Até porque são os que agora não param de remar que mais festejarão (e mais razão terão para festejar) a tão prometida e esperada glória.
Falo deste assunto porque no domingo, na Luz, estiveram os Ultras da Briosa. Apesar de lhes reconhecer alguns defeitos (que não vou referir agora), vejo neles a fidelidade dos grandes amigos. É arrepiante ver a fé (FÉ com toda a força e irracionalidade da palavra) com que gritam "Briosa" e aquele frenético "A-ca-dé-mi-ca!" mostrando ao Mundo que não têm vergonha do seu clube - esteja bem ou mal - e que, mais ainda, orgulham-se do mesmo.
Apesar do meu clube não estar a descer de divisão, os tempos também não são fáceis. Mas assim como os religiosos que perante catástrofes que matam milhares não deixam de acreditar em Deus, também nós, adeptos irrecuperáveis, resistimos ainda e sempre à falta de resultados e de títulos.
Um abraço a todos os que não param de cantar quando o clube perde e que suportam a penitência das derrotas (ou da falta de vitórias) com uma paciência heróica.

Saturday, February 05, 2005

Benfiquismos

Toda a gente tem histórias de "Benfiquismos" ou, num termo mais generalizado, de "Clubismos".
Benfiquismos - foi a palavra que me surgiu - são os gestos de amor ao Benfica que se transformam em estórias fantásticas. A camisola com "Nem que fossem 14" é um Benfiquismo puro. Os Benfiquismos fazem-me ainda mais vaidoso por ser um dos doentes das camisolas berrantes.
O senhor do café onde estudo é um Benfiquista à antiga. Não falha um na Catedral e se o Mágico estiver na TV (seja uma conferência do Trap ou um jogo de hóquei em patins), lá se atrasa o serviço às mesas porque o Glorioso está primeiro. O seu Benfiquismo sábio, próprio de quem já a sabe toda fê-lo fazer um Benfiquismo puramente fabuloso: depois de perdermos com o Beira - Mar em casa, clientes azuis e verdes quiseram ir lá chatear o pobre homem. Chegaram, triunfantes, com aquele sorriso de anti-SLB e foram à procura dos jornais desportivos do dia, para poderem lê-los à frente do senhor. Chegam à mesinha onde estes costumam estar...e nada.
- "Então quando o Benfica perde não há cá jornais?"
- "Está aqui o desportivo do dia. O único jornal imparcial do país." - e saca o jornal oficial do Glorioso.
Assistindo à cena, soltei uma gargalhada. Pobre azul / verde. Olhou, fulminado, para o jornal, bebeu o café de um trago, pagou e só conseguiu soltar um: 2Você não tem remédio!..." Vitorioso, o senhor do café olhou para mim e disse: "Pois não! Ah ah!" E orgulhosamente Benfiquista, abriu o jornal.
Histórias como estas há aos milhares, mas são algo de fantástico. Desde o filho da Leonor Pinhão que foi com a camisola do Benfica no dia depois dos lagartos serem campeões 18 anos depois, a um amigo meu, que antes de ir ver a mulher à maternidade Alfredo da Costa foi à Luz preencher uma proposta de sócio...
Porque estas histórias são mágicas e andam por aí à solta, ergo o meu cachecol às mesmas. A ganhar ou a perder, espalharemos os nossos Benfiquismos por aí. Porque isso nos envaidece!...


PS - Não podia acabar esta crónica sem o Benfiquismo que me levou a escrevê-la: o meu irmão mais novo disse um dia, aos 4 anos - só para chatear - que era do sporting. O meu Pai, astuto, pegou numa foto do Pai Natal e perguntou-lhe de que cor se vestia o mesmo. "Vermelho." - respondeu o meu irmão, sem perceber porquê da pergunta. "Então pensa lá quantas prendas vais ter se gostares de uma equipa de verde..."
O meu irmão ficou Benfiquista num instante. E, como milagre de Natal, teve uma camisola do Benfica, com o nome dele, como prenda.