Monday, October 11, 2004

O Athletic Bilbao e Francesco Totti

Na viagem para Itália, eu e o RC concordámos que o Athletic de Bilbao era a última equipa contra o futebol moderno. Resistindo a Franco, os bascos recusaram-se a mudar o seu nome de Ahtletic para Atlético, facto que aconteceu a todas as equipas que tinham esse nome - como por exemplo, os colchoneros de Madrid, antes Athletic, hoje Atlético. Logo nesta preserverança pela identidade - aliada a motivos políticos, é certo - se vê toda uma garra e uma nobreza incomuns.
Numa altura em que a Lei Bo$man torna o futebol quase impraticável para os clubes médios ou pequenos, os leões de Bilbao investem na cantera e só apostam em jogadores da região. Recusam-se a sujar a sua "camiseta" com patrocínios e fazem com que os seus sócios se orgulhem do seu clube não só pelo seu belíssimo historial, mas também pelos seus valores, que fazem questão de perpetuar.
Fossem todas as equipas assim, e o Futebol era um espectáculo cultural ainda mais imenso.

Na Curva Sud, no meios de vários estandartes imaginativos, é bastante comum ver-se a cara do número 10, Francesco Totti. Não estando sequer no meu top 10 de jogadores favoritos enquanto futebolistas, não posso deixar de lamentar a falta de um Totti no meu Benfica. Totti é dos últimos guerreiros que ainda sente a camisola. Jogar dos 16 aos 26 (salvo erro) na mesma equipa é algo bastante incomum nos dias que correm. Mostrar a mítica striscione "Lixei-vos outra vez!" na camisola à Curva laziale num derby é de dar arrepios a qualquer amante de uma equipa de futebol. Quem não sonha com um capitão, número dez, que mostra uma camisola a gozar com a claque dos nossos maiores rivais?
"C`est solo un capittano!..." canta a Sud. E bem.

Honra ao Athletic de Bilbao e a Francesco Totti, dois dos últimos baluartes contra o futebol moderno.