Setúbal - Benfica: Clube vs. Sociedade
Primeiro, lamento a ausência de posts durante algum tempo. Situações alheias à bola, têm-me tirado tempo e imaginação para escrever aqui. As minhas desculpas.
Segundo, várias coincidências impediram-me de ir a Setúbal e de ir ao próximo jogo em casa. (Que chovam os insultos e as faltas a vermelho... Eu mereço.)
Terceiro, a razão que me fez faltar a Setúbal foram nada mais nada menos que os 50 anos desse grande Benfiquista que é o meu Pai. Ora, 50 anos já devem ser mesmo muitos, porque o coitado marcou a festa no dia de jogo e logo num restaurante sem televisão. Perguntei-lhe, com um misto de brincadeira e fúria, se a senilidade chegava directamente aos 50.
O que tenho para vos perguntar é isto: nunca pensaram que passaram os limites? É que eu durante muito tempo acreditei piamente que o Setúbal - Benfica era verdadeiramente mais importante do que a festa do meu Pai. Ora, isto faz ver que a minha (nossa, caros leitores?) obsessão é um perigo claro às nossas interacções sociais. Ainda para mais com o Benfica em sério risco de ser Campeão, eu passo muito do meu dia a imaginar os próximos jogos, a fazer contas, a imaginar o Marquês cheio de Benfiquistas com o leão pintado de vermelho...
Mas isto - passar a maior parte da minha vida a pensar no meu clube - eu já sabia, o que nunca pensei é que tivesse uma dose de loucura tão grande que não me apetecesse mesmo ir ao jantar.
Valeram as mensagens do D. (um relato preciso e precioso de todo o jogo...), os festejos dos golos e a camisola do Glorioso, com o número 50 e o nome do meu Pai, atrás.
Deixo-vos com o seguinte excerto:
" - Em que é que estás a pensar? - Pergunta ela.
Neste ponto, invento uma mentira. Não estava a pensar no Martin Amis nem no Gérard Depardieu nem no Partido Trabalhista. Mas afinal de contas, os obsessivos não têm alternativa; precisam de mentir em alturas como esta. Se disséssemos sempre a verdade, não conseguíamos manter relações com ninguém no mundo real. (...) A verdade é esta: Durante bocados alarmantemente grandes de um dia normal, eu sou um imbecil."
in Febre no Estádio, Diário de um Fanático de Nick Hornby
Segundo, várias coincidências impediram-me de ir a Setúbal e de ir ao próximo jogo em casa. (Que chovam os insultos e as faltas a vermelho... Eu mereço.)
Terceiro, a razão que me fez faltar a Setúbal foram nada mais nada menos que os 50 anos desse grande Benfiquista que é o meu Pai. Ora, 50 anos já devem ser mesmo muitos, porque o coitado marcou a festa no dia de jogo e logo num restaurante sem televisão. Perguntei-lhe, com um misto de brincadeira e fúria, se a senilidade chegava directamente aos 50.
O que tenho para vos perguntar é isto: nunca pensaram que passaram os limites? É que eu durante muito tempo acreditei piamente que o Setúbal - Benfica era verdadeiramente mais importante do que a festa do meu Pai. Ora, isto faz ver que a minha (nossa, caros leitores?) obsessão é um perigo claro às nossas interacções sociais. Ainda para mais com o Benfica em sério risco de ser Campeão, eu passo muito do meu dia a imaginar os próximos jogos, a fazer contas, a imaginar o Marquês cheio de Benfiquistas com o leão pintado de vermelho...
Mas isto - passar a maior parte da minha vida a pensar no meu clube - eu já sabia, o que nunca pensei é que tivesse uma dose de loucura tão grande que não me apetecesse mesmo ir ao jantar.
Valeram as mensagens do D. (um relato preciso e precioso de todo o jogo...), os festejos dos golos e a camisola do Glorioso, com o número 50 e o nome do meu Pai, atrás.
Deixo-vos com o seguinte excerto:
" - Em que é que estás a pensar? - Pergunta ela.
Neste ponto, invento uma mentira. Não estava a pensar no Martin Amis nem no Gérard Depardieu nem no Partido Trabalhista. Mas afinal de contas, os obsessivos não têm alternativa; precisam de mentir em alturas como esta. Se disséssemos sempre a verdade, não conseguíamos manter relações com ninguém no mundo real. (...) A verdade é esta: Durante bocados alarmantemente grandes de um dia normal, eu sou um imbecil."
in Febre no Estádio, Diário de um Fanático de Nick Hornby