Miguel:
Faz amanha dois meses que o meu Benfica se sagrou Campeão Nacional. Já passaram dois meses mas eu continuo a arrepiar-me com as imagens (mesmo que sejam repetidas) dos festejos e continuo a ficar emocionado quando falo com Benfiquistas que não vejo há muito e me contou o que fizeram no 22 de Maio de 2005.
Desse dia para cá, o "teu" caso foi a pior coisa que aconteceu ao Benfica (se nos esquecermos da Taça de Portugal, claro). Escrevo-te para te dizer que és triste. O teu caso, mais que raiva, ódio ou outro sentimento agressivo dá-me pena. Tu és triste. Um triste.
És só mais um mercenário que achou que o futebol já é totalmente gerido por dinheiro e por empresários (não esquecendo essa bela espécie: os advogados) e que os adeptos já não contam. E então desrespeitaste-nos. Achaste que podias pura e simplesmente passar-nos por cima.
É óbvio que o eu raciocínio não foi este: "Estou-me a cagar para os adeptos", isso implicaria maldade e até uma certa inteligência perversa que tu, obviamente, não tens. Reafirmo: tu és um pobre coitado, um triste palhaço que não sabe no que se meteu.
Comecei por te falar do épico fim de tarde de 22 de Maio (que acabou naquela madrugada mágica de 23 onde se afogaram todas as mágoas dos últimos anos) para te dizer o seguinte: tu foste um dos onze homens que entraram em campo e me deram das maiores alegrias da minha vida. Jamais esquecerei este onze: Quim; Miguel, Ricardo Rocha, Luisão, Dos Santos; Manuel Fernandes, Petit, Geovanni, Nuno Assis, Simão; Nuno Gomes (e só me lembro de entrarem o João Pereira e o Mantorras, não sei se foi feita uma 3ª substituição) Allenatore: Trap. Talvez tu não saibas o que isto significa, mas para nós, adeptos - aqueles que a tua estupidez desprezou - este onze entrou para a nossa memória colectiva.
Por exemplo: uma amiga da minha avó, cujo marido era um homem riquíssimo e fervoroso adepto Benfiquista (inclusive dava grandes doações à nossa causa) disse-me há poucos dias, quando a encontrei, que a direcção Benfiquista lhe telefonou nessa noite, enchendo-a de alegria por não se terem esquecido do que o marido sentia quando o Benfica entrava em campo, e sentiria naquele fim de tarde se fosse vivo. O Benfica, e a paxião clubística são isto, Miguel. Tu estavas nos 11 homens que deram esta alegria à senhora. Mas pela tua estupidez (ou quiçá, simples burrice) desprezaste tudo o quanto eu, esse senhor e muitos milhares (diz-se que somos 14 milhões....) investimos emocionalmente neste clube. Talvez não tenhamos a força económica daqueles que agora decidem o teu futuro como se fosses um bonequinho de subbuteo. Mas temos uma força impressionante, garanto-te.
Daí que da próxima vez que recordarmos o fim de tarde de 22 de Maio e aquela festa linda de 23, talvez eu, a amiga da minha avó (em nome do seu marido) e mais aproximadamente 14 milhões digamos: Quim; Ricardo Rocha, Luisão, Dos Santos; Manuel Fernandes, Petit, Geovanni, Nuno Assis, Simão; Nuno Gomes (e só me lembro de entrarem o João Pereira e o Mantorras, não sei se foi feita uma 3ª substituição) Allenatore: Trap. O teu nome será paulatinamente apagado e nunca mais envergarás a camisola vermelha e aquele símbolo mágico que quando honrado dá a imortalidade. É que dos onze nomes que ganharam o Campeonato, restarão dez porque nós vamos apagar o teu.
És triste. És mesmo triste e dás-me pena. Olha: adeus.
Cumprimentos