1904
Texto atrasado, mas escrevi-o para a "Sector Ultras" e quis que saísse lá primeiro que no blog. Espero que gostem.
Entretanto o campeonato acaba de uma maneira agoniante, comigo a dar mais uma falta. Desculpem lá, mas vou ter que respirar fundo antes de escrever sobre esta época.
28 de Fevereiro de 1904, Farmácia Franco. Os Catataus e os amigos, o desporto estranho que vinha de Inglaterra e o jogo contra o Real Casa Pia. Nasce o Grupo Sport Lisboa e, como no momento mágico da concepção, cria-se uma vida, mas uma vida diferente.
A Terra continuava a girar à volta do Sol, mas já nada seria igual.
A união com o Sport Club e Benfica, dois anos depois, dá o nome definitivo ao maior clube do Mundo. Sport Lisboa e Benfica. Gente humilde, sonhadora e combativa.
E Pluribus Unum.
28 de Fevereiro de 2006, Estádio da Luz. É terça feira de Carnaval, mas tenho os livros debaixo do braço. O Estádio está vazio e caminho sossegadamente até ao “Ponto Vermelho”.
“Um café, se faz favor.” – E começo a estudar.
Neurologia e coisa e tal. Circuitos, neurotransmissores e neurónios. A concentração aguenta pouco tempo. As aulas começaram há pouco tempo e não há assim tanta pressão para isto. Entretenho-me com as fotos nas paredes. O Rui Lopes, jogador de hóquei (lembro-me melhor dele na selecção campeã do mundo em 93 do que no Benfica. Pecado.) e o Jean Jacques, daquela equipa mítica de basket (Lisboa, Seixas, Pedro Miguel, José Carlos Guimarães, Steven Rocha, Plowden, Mário Palma…) e a capa d`”A Bola” de 15 de Maio de 1994. A minha vida está naquelas paredes. É mais ou menos como ver fotos da minha família.
Depois, aqui e ali, vejo fotos que não conheço. Mas sinto-as, estranho.
É como se fossem parentes que nunca conheci, mas usassem o meu apelido. Mas é mais do que isso. É uma família maior.
Aquelas paredes têm vida. Têm a minha toda (que cresci com este clube no coração), mas também têm a do casal que agora entrou e vai buscar o filho ao treino. Gente humilde e combativa.
E a dos dois amigos que ainda estão a comentar o golo do Robert no domingo e acreditam que vamos ganhar a Anfield. Gente sonhadora.
Estou em casa, no meio dos meus. É como se estivesse num serão de família, como se estudasse na mesa onde pais, primos, avós, tios e irmãos comeram. Há fotos de parentes por todo o lado e o nosso apelido é comum.
E distraído a olhar para o ar, começo a sonhar. Imagino aqueles “GOOOOOOOOOOOOOOOLLLLLLLLLLLLLOOOO!”s da Luz (a antiga…a antiga Luz), aqueles assobios quando a equipa adversária tocava na bola. Não ouço nada à minha volta. Estremeço com as recordações e ouço o relato de um dos golos da meia dúzia em alvalade a passar em directo no meu cérebro. Depois uma conversa com um velhote, numa estação de comboio, a dizer que ele é que lhe tinha custado a seca dos 10 anos, porque ele tinha visto “O BENFICA.” (e a entoação da voz dele vinha com maiúsculas, garanto-vos).
Os pais do miúdo saem do café e despedem-se de mim. “Adeus e bom estudo.” – Dizem simpaticamente. Têm o meu apelido.
Começo a escrevinhar no caderno coisas sem pensar. “3-6, Karel Poborsky, Rui Costa, Carlos Lisboa, Diabos, Preud`Homme, 22 de Maio.” “Sou um miúdo.” – Concluo. “Mas sou um miúdo feliz porque sou desta família.”
Arrumo os livros e saio. Quero pagar o café e o senhor não deixa. “Fica de borla. Parabéns.” Sorrio. “Parabéns.”
Cá fora há miúdos a treinar nos campos com os pais a verem enquanto lêem jornais desportivos. Os putos festejam os golos como se estivessem a jogar um derby na Luz. Quando forem grandes querem ser jogadores do Benfica. Nem todos eles o percebem (chegaram à família há pouco tempo, é preciso compreender) mas eles já fazem são parte integrante do Benfica.
As fotos das paredes já sorriem para eles e, quiçá, um dia um deles também ali estará. E talvez outro um dia esteja também no café a olhar para as fotos. E outro na Luz. E outro em casa a sofrer na rádio. E um grupo deles na nossa curva, a cantar pelo Benfica.
Olho para a imponência do Estádio, para a felicidade familiar que ali reina e arrepio-me com a ideia de que tudo começou numa farmácia.
Gente humilde, combativa e sonhadora.
E Gloriosa.
Parabéns Sport Lisboa e Benfica, clube do meu coração.
Entretanto o campeonato acaba de uma maneira agoniante, comigo a dar mais uma falta. Desculpem lá, mas vou ter que respirar fundo antes de escrever sobre esta época.
28 de Fevereiro de 1904, Farmácia Franco. Os Catataus e os amigos, o desporto estranho que vinha de Inglaterra e o jogo contra o Real Casa Pia. Nasce o Grupo Sport Lisboa e, como no momento mágico da concepção, cria-se uma vida, mas uma vida diferente.
A Terra continuava a girar à volta do Sol, mas já nada seria igual.
A união com o Sport Club e Benfica, dois anos depois, dá o nome definitivo ao maior clube do Mundo. Sport Lisboa e Benfica. Gente humilde, sonhadora e combativa.
E Pluribus Unum.
28 de Fevereiro de 2006, Estádio da Luz. É terça feira de Carnaval, mas tenho os livros debaixo do braço. O Estádio está vazio e caminho sossegadamente até ao “Ponto Vermelho”.
“Um café, se faz favor.” – E começo a estudar.
Neurologia e coisa e tal. Circuitos, neurotransmissores e neurónios. A concentração aguenta pouco tempo. As aulas começaram há pouco tempo e não há assim tanta pressão para isto. Entretenho-me com as fotos nas paredes. O Rui Lopes, jogador de hóquei (lembro-me melhor dele na selecção campeã do mundo em 93 do que no Benfica. Pecado.) e o Jean Jacques, daquela equipa mítica de basket (Lisboa, Seixas, Pedro Miguel, José Carlos Guimarães, Steven Rocha, Plowden, Mário Palma…) e a capa d`”A Bola” de 15 de Maio de 1994. A minha vida está naquelas paredes. É mais ou menos como ver fotos da minha família.
Depois, aqui e ali, vejo fotos que não conheço. Mas sinto-as, estranho.
É como se fossem parentes que nunca conheci, mas usassem o meu apelido. Mas é mais do que isso. É uma família maior.
Aquelas paredes têm vida. Têm a minha toda (que cresci com este clube no coração), mas também têm a do casal que agora entrou e vai buscar o filho ao treino. Gente humilde e combativa.
E a dos dois amigos que ainda estão a comentar o golo do Robert no domingo e acreditam que vamos ganhar a Anfield. Gente sonhadora.
Estou em casa, no meio dos meus. É como se estivesse num serão de família, como se estudasse na mesa onde pais, primos, avós, tios e irmãos comeram. Há fotos de parentes por todo o lado e o nosso apelido é comum.
E distraído a olhar para o ar, começo a sonhar. Imagino aqueles “GOOOOOOOOOOOOOOOLLLLLLLLLLLLLOOOO!”s da Luz (a antiga…a antiga Luz), aqueles assobios quando a equipa adversária tocava na bola. Não ouço nada à minha volta. Estremeço com as recordações e ouço o relato de um dos golos da meia dúzia em alvalade a passar em directo no meu cérebro. Depois uma conversa com um velhote, numa estação de comboio, a dizer que ele é que lhe tinha custado a seca dos 10 anos, porque ele tinha visto “O BENFICA.” (e a entoação da voz dele vinha com maiúsculas, garanto-vos).
Os pais do miúdo saem do café e despedem-se de mim. “Adeus e bom estudo.” – Dizem simpaticamente. Têm o meu apelido.
Começo a escrevinhar no caderno coisas sem pensar. “3-6, Karel Poborsky, Rui Costa, Carlos Lisboa, Diabos, Preud`Homme, 22 de Maio.” “Sou um miúdo.” – Concluo. “Mas sou um miúdo feliz porque sou desta família.”
Arrumo os livros e saio. Quero pagar o café e o senhor não deixa. “Fica de borla. Parabéns.” Sorrio. “Parabéns.”
Cá fora há miúdos a treinar nos campos com os pais a verem enquanto lêem jornais desportivos. Os putos festejam os golos como se estivessem a jogar um derby na Luz. Quando forem grandes querem ser jogadores do Benfica. Nem todos eles o percebem (chegaram à família há pouco tempo, é preciso compreender) mas eles já fazem são parte integrante do Benfica.
As fotos das paredes já sorriem para eles e, quiçá, um dia um deles também ali estará. E talvez outro um dia esteja também no café a olhar para as fotos. E outro na Luz. E outro em casa a sofrer na rádio. E um grupo deles na nossa curva, a cantar pelo Benfica.
Olho para a imponência do Estádio, para a felicidade familiar que ali reina e arrepio-me com a ideia de que tudo começou numa farmácia.
Gente humilde, combativa e sonhadora.
E Gloriosa.
Parabéns Sport Lisboa e Benfica, clube do meu coração.
10 Comments:
Está FANTÁSTICO!! Parabéns
Isso está uma bela porcaria...lool, tou a gozar! Excelente como sempre.
Foi numa farmácia que se fez o remédio que mantem este povo animado e apaixonado pelo "clube do meu coração".
Fantástico !!!
Posso pô-lo no meu blog com as devidas referências?
Força. Fico contente=)
Abraços
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Mais uma vez FABULOSO...
Que esta familia continue unida e pronta a lutar pelo nosso BENFICA...e que domingo a domingo grite cada vez com amis orgulho..."Viva o BENFICA"
Fantástico!
Já vem de trás o meu acompanhamento a este blog, e axei k este seria o momento oportuno pa te enviar os parabéns plo blog e por este xpetakular post, uma vez k tb sou kliente habitual do "ponto vermelho" quando o glorioso joga em casa!
Já lá mora!!!
Abraços!!!
LINDO!!! Sem palavras.. :)
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