Liverpool - Benfica: no mudo!
2min: percepção que o som está à frente da imagem. D. enerva-se como se o Paulo Catarro estivesse a querer marcar pelo Liverpool.
5min: decisão de metermos no mudo sempre que houvesse um lance de perigo deles. Ninguém quer sentir a desilusão de ouvir golo antes da bola entrar (isso somado dá duas desilusões).
7 min: eu distraio-me e não meto no mudo. D. e R. zangam-se e faz-se uma grande substituição: comando sai das minhas mãos e vai para as do R.
11 min:R. mete no mudo e a bola vai ao poste. "BOA R.!" "ÉS O NOSSO TERCEIRO CENTRAL!"
13 min: Geovanni não está fora de jogo. Insultos, vitimizações e montes de "Se esta entrasse já lá estávamos." A pergunta que se impunha fi-la eu: "Acham que se o R. tivesse posto no mudo marcávamos?" "Não, isto só dá para a defesa" respondeu o R. E eu acreditei nele como se ele fosse o Einstein a falar da teoria da relatividade.
18 min: mais um canto. R. mete sempre no mudo "mas só quando o jogador deles parte para a bola! Muito antes não senão confundo a nossa defesa." D. abana a cabeça afirmativamente como se ouvisse deus a falar dos céus.
19 min: Luis Garcia isolado. "FALHA, CARALHO!" "METE NO MUDO! MUDO! MUDO!" R. mete no mudo. Por cima. Eu já fumei uns quantos cigarros (e eu sou não fumador) e já devo ter perdido 6 anos de vida. "Esta merda funciona melhor que o Pro Evolution" diz o R. a olhar para o comando.
25 min: Crouch isola-se. "MUDO! MUDO!" gritamos eu e o D. O comando encrava. O Crouch não remata logo. O R. bate na parte das pilhas e mete no mudo mesmo a tempo, quando já ouvíamos um rugido do estádio. Crouch falha. Eu e o D. abraçamos o R. "ESTÁS A FAZER GRANDE JOGA!" diz-lhe o D. "Cheguei atrasado mas ainda cortei bem."
29 min: Geo à barra. "AAAAAAAAAAAAAAAAIIIIIIIIIIIIII" gritamos os 3. Calamo-nos. Simão na recarga "AAAIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII". Duvido que o prédio todo (ou Lisboa inteira não tenha ouvido).
36 min: Golo do Simão. Eu começo a saltar e depois a correr. Prendo o pé num cabo e só vejo a televisão cair para a frente. PUM! Silêncio. D. inclina a cabeça para baixo e grita: “`TÁ A DAR! METE RÁPIDO PARA VER A REPETIÇÃO! GOLO!!!” É um facto, a minha TV é mesmo resistente. Aquilo foi uma queda e peras e de chapa.
37min: “Só dá Benfica nas bancadas. Devia ter ido.” diz o D. “Merda para as minhas paranóias com o curso”, penso eu. O R. mantém-se firme com o comando na mão.
44min: Beto tem um acidente vascular transitório e ia marcando golo na própria. Eu e o D. olhamos para o R. (que não tinha posto no mudo) “Porra! Ele era nosso, nunca pensei!” responde ele. Demos-lhe razão.
Intervalo: Idas rápidas à casa de banho e regresso exactamente aos mesmos postos. Isto de ser supersticioso dá um trabalho que vocês nem imaginam.
58 min: cantos atrás de cantos. R. mete sempre no mudo quando o Gerrard está mesmo quase a bater a bola. Eu já nem me enervo, confio plenamente no R. O D. diz que já devíamos ter descoberto aquilo há mais tempo.
70 min: “`Tou a ouvir o hino…” “…são papoilas saltitantes!” cantamos os três.
75 min: “Ouve lá…Quem é o Petit?” D.
78 min: Livre para o Liverpool. “Mete no mudo!” digo eu com os nervos. “Não. Só mesmo quando ele estiver a bater a bola…” diz o R., com a maior calma do mundo. Bola por cima. “E tu ainda mandas palpites.” Resmunga o D., como se eu fosse a pessoa mais pretensiosa do mundo.
83 min: Canto para o Liverpool, R. mete no mudo no timing do costume. Golo deles. “Golo?” – pensei eu. Era uma impossibilidade matemática. O R. tinha carregado no mudo! No mudo! O meu cérebro estava tão baralhado como se me tivessem dito que afinal não precisamos de oxigénio para viver. “ANULADO!” gritou o D. O mundo volta a fazer sentido.
89 min: “VAI SIMÃO!” “COME O GAJO, SIMÃO!” “OLHA O MICCOLI NA ÁREA!!” “Merda, é o Beto.” “….” “GOOOOOOOLLOOOOOOOOOOOOOOO!!!!”
92 min: “YEEEEEEEEEEEEEESSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSS!!!!!!!!”
Já depois do jogo: foto com o R. a segurar no comando, com o dedo no mudo.
Ainda mais depois do jogo: “Amanhã devíamos levar o comando para o hospital e carregar no mudo à hora do sorteio para sair o Villareal.” Disse eu. Ninguém me levou a sério e hoje estou convencido que tinha resultado.
Não fui e invejo todos os que foram. Mas mesmo assim, muito obrigado por se terem feito ouvir. Agora chegámos aos quartos. É sonhar, que nunca fez mal a ninguém…
“Na Terra dos Sonhos
podes ser quem tu és
ninguém te leva a mal
Na Terra dos Sonhos
toda a gente trata a gente toda por igual.”
Jorge Palma, Terra dos Sonhos
5min: decisão de metermos no mudo sempre que houvesse um lance de perigo deles. Ninguém quer sentir a desilusão de ouvir golo antes da bola entrar (isso somado dá duas desilusões).
7 min: eu distraio-me e não meto no mudo. D. e R. zangam-se e faz-se uma grande substituição: comando sai das minhas mãos e vai para as do R.
11 min:R. mete no mudo e a bola vai ao poste. "BOA R.!" "ÉS O NOSSO TERCEIRO CENTRAL!"
13 min: Geovanni não está fora de jogo. Insultos, vitimizações e montes de "Se esta entrasse já lá estávamos." A pergunta que se impunha fi-la eu: "Acham que se o R. tivesse posto no mudo marcávamos?" "Não, isto só dá para a defesa" respondeu o R. E eu acreditei nele como se ele fosse o Einstein a falar da teoria da relatividade.
18 min: mais um canto. R. mete sempre no mudo "mas só quando o jogador deles parte para a bola! Muito antes não senão confundo a nossa defesa." D. abana a cabeça afirmativamente como se ouvisse deus a falar dos céus.
19 min: Luis Garcia isolado. "FALHA, CARALHO!" "METE NO MUDO! MUDO! MUDO!" R. mete no mudo. Por cima. Eu já fumei uns quantos cigarros (e eu sou não fumador) e já devo ter perdido 6 anos de vida. "Esta merda funciona melhor que o Pro Evolution" diz o R. a olhar para o comando.
25 min: Crouch isola-se. "MUDO! MUDO!" gritamos eu e o D. O comando encrava. O Crouch não remata logo. O R. bate na parte das pilhas e mete no mudo mesmo a tempo, quando já ouvíamos um rugido do estádio. Crouch falha. Eu e o D. abraçamos o R. "ESTÁS A FAZER GRANDE JOGA!" diz-lhe o D. "Cheguei atrasado mas ainda cortei bem."
29 min: Geo à barra. "AAAAAAAAAAAAAAAAIIIIIIIIIIIIII" gritamos os 3. Calamo-nos. Simão na recarga "AAAIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII". Duvido que o prédio todo (ou Lisboa inteira não tenha ouvido).
36 min: Golo do Simão. Eu começo a saltar e depois a correr. Prendo o pé num cabo e só vejo a televisão cair para a frente. PUM! Silêncio. D. inclina a cabeça para baixo e grita: “`TÁ A DAR! METE RÁPIDO PARA VER A REPETIÇÃO! GOLO!!!” É um facto, a minha TV é mesmo resistente. Aquilo foi uma queda e peras e de chapa.
37min: “Só dá Benfica nas bancadas. Devia ter ido.” diz o D. “Merda para as minhas paranóias com o curso”, penso eu. O R. mantém-se firme com o comando na mão.
44min: Beto tem um acidente vascular transitório e ia marcando golo na própria. Eu e o D. olhamos para o R. (que não tinha posto no mudo) “Porra! Ele era nosso, nunca pensei!” responde ele. Demos-lhe razão.
Intervalo: Idas rápidas à casa de banho e regresso exactamente aos mesmos postos. Isto de ser supersticioso dá um trabalho que vocês nem imaginam.
58 min: cantos atrás de cantos. R. mete sempre no mudo quando o Gerrard está mesmo quase a bater a bola. Eu já nem me enervo, confio plenamente no R. O D. diz que já devíamos ter descoberto aquilo há mais tempo.
70 min: “`Tou a ouvir o hino…” “…são papoilas saltitantes!” cantamos os três.
75 min: “Ouve lá…Quem é o Petit?” D.
78 min: Livre para o Liverpool. “Mete no mudo!” digo eu com os nervos. “Não. Só mesmo quando ele estiver a bater a bola…” diz o R., com a maior calma do mundo. Bola por cima. “E tu ainda mandas palpites.” Resmunga o D., como se eu fosse a pessoa mais pretensiosa do mundo.
83 min: Canto para o Liverpool, R. mete no mudo no timing do costume. Golo deles. “Golo?” – pensei eu. Era uma impossibilidade matemática. O R. tinha carregado no mudo! No mudo! O meu cérebro estava tão baralhado como se me tivessem dito que afinal não precisamos de oxigénio para viver. “ANULADO!” gritou o D. O mundo volta a fazer sentido.
89 min: “VAI SIMÃO!” “COME O GAJO, SIMÃO!” “OLHA O MICCOLI NA ÁREA!!” “Merda, é o Beto.” “….” “GOOOOOOOLLOOOOOOOOOOOOOOO!!!!”
92 min: “YEEEEEEEEEEEEEESSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSS!!!!!!!!”
Já depois do jogo: foto com o R. a segurar no comando, com o dedo no mudo.
Ainda mais depois do jogo: “Amanhã devíamos levar o comando para o hospital e carregar no mudo à hora do sorteio para sair o Villareal.” Disse eu. Ninguém me levou a sério e hoje estou convencido que tinha resultado.
Não fui e invejo todos os que foram. Mas mesmo assim, muito obrigado por se terem feito ouvir. Agora chegámos aos quartos. É sonhar, que nunca fez mal a ninguém…
“Na Terra dos Sonhos
podes ser quem tu és
ninguém te leva a mal
Na Terra dos Sonhos
toda a gente trata a gente toda por igual.”
Jorge Palma, Terra dos Sonhos
11 Comments:
Sempre em grande :)
Muito bom!
Sinceramente não sei que puto hei-de escrever no meu espaço. Ainda estou a ressacar de tudo o que passei em Anfield Road. E presumo que esta ressaca vá durar por muitos mais dias... Anfield não é um mundo imaginário, é uma realidade única no mundo. Tem tudo o que esperávamos e muito mais. E este muito mais fica para quem esteve presente.
Sem dúvida que a crónica que eu queria ter escrito não era esta... Muita pena de não ir, mas agora paciência. Espero pelas vossas crónicas e desejo que as escrevam tão bem que pareça um bocadinho que lá estive =)
Abraços!
Quando te liguei até fiquei com medo, tu e as tuas superstições :S!
Graças a Deus não dei azar, senão hoje era um homem morto lol
eh eh eh eh!!
O melhor relato de um jogo que já ouvi
5*
Esta excelente a crónia!!
Ainda me estou a rir das tuas superstições e ao mesmo tempo a lembrar-me das minhas(que quando jogo o Benfica, são imensas).
É estranho e normal sentirmos que somos nós que "controlamos" o jogo.:))
Eu estive lá e só vosposso dizer uma coisa, foi unico o que senti no dia do jogo, ou melhor os minutos após o jogo, o GR1904 sabe bem do que estou a falar, continua assim que um dia ainda hei de contar aos meus netos as histórias quelia no teu blog
Pois é... eu estive lá! Depois de muito stress na viagem londres/liverpool lá chegámos a tempo de ouvir o hino da champeons, e de ver aquele jogo memorável!
Não foram só 90 minutos memoraveis, foram 120!! O tempo que ficamos retidos no mitico anfield no fim do jogo foi duma intensidade brutal, que meteu sorrisos, lagrimas e muitos arrepios!! Para mais tarde recordar!
Sempre la por ti!
Ora deixa cá ver, temos por aqui Pulgas e Papoilas, blongas e makeleles (que mistura esta tão explosiva hehehe), fanáticos e até putos que nem barba feita que se dizem do VE (não é, A.?).
Ó M., ganda manada esta que te segue ;-)
O que vale é que somos todos da mesma cor. Haja paciência e muito... beirão!
Na época 2000/2001 eu também tinha um "código" de palavras que funcionava sempre quando a equipa adversária atacava. Só que tinha que ser dito com fé. Alguns esquecimentos e alguma falta de fé levaram-nos ao 6º lugar -_- Nunca mais o usei.
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