Estrela da Amadora - Benfica: a magia dos minutos finais
Gosto de jogar às cartas. Sempre gostei. Com amigos, na minha família, sempre tive essa tradição. E nem tenho muitas "manias" ou superstições, ao contrário do que acontece na bola. (curioso o facto de eu não ter NENHUMA com os exames.)
E agrada-me, ao recolher as cartas, esperar mais um segundo antes de levantar a última. Sem reacções exteriores (que ser jogador de cartas é como ser jogador de xadrez), festejo interiormente quando me chega milagrosamente o ás de trunfo e praguejo quando me vem um duque de um naipe ao qual eu estava felizmente "seco". Na bola, os últimos minutos são como o levantar da última carta: já irremediáveis (erros são incorrígiveis e feitos praticamente impossíveis de deitar fora), sentimo-nos como na última vaza. Tudo ou nada. É agora.
Na Amadora, a 10 minutos do fim, comecei a escrevinhar esta crónica. Uma coisa deprimente, estilo guião de cinema francês, preto e branco, guionista com um cigarro em slow motion e frases melancólicas (mas sempre futebolísticas) à mistura. (esta imagética não é original, mas tem sido a minha principal influência nos últimos tempos)
Mas depois tive um flash: Espanha - Jugoslávia, Euro 2000. Vi com o meu Pai, na TVE. Relato do grande madridista Michel (que faz parte do meu imaginário de "La Liga" quando eu era criança, juntamente com o mítico Manolo. Só mais tarde apareceu o "Dream Team" do Cruyff, também ele feliz no 14 de Maio de 1994.) e 2-3 a 5 minutos do fim, com a Espanha a precisar de ganhar para passar. Mendieta empata de penalty e festeja exuberantemente, não se apercebendo que o 3-3 não chegava, enquanto Raul corre para o fundo da baliza. "Hay vida." - disse Michel e a Espanha continuou a carregar. Já com segundos para lá dos descontos e toda a gente enfiada na área, Pep Guardiola (o tal que fez Valdano escrever "joga tão bem e com tal elegância, que os companheiros não deviam dizer: "Tua, Pep!", mas "Sua, Pep!") tem a bola no meio campo. "Hay tiempo para un remate"- sussurrou Michel enquanto o outro comentador relatava histérico. E enquanto o meu cérebro pensava em quão futebolística era a frase e como era possível alguém dizer uma coisa tão eminentemente simples e evidente que provava que já tinha estado em campo, Pep mandou-a mesmo para a área. Urzaiz cabeceou e Alfonso (do "meu" Betis) empurrou-a lá para dentro. 4-3 e a Espanha para os quartos. No dia seguinte a capa da "Marca" era elucidativa: "VIVA LA MADRE QUE LOS PARIÓ!" com um adepto pintado com a bandeira espanhola a berrar.
(Sim, este parágrafo enorme passou-me em flash, nuns segundos, na Amadora.)
E acreditei. Centro, Miccoli de primeira, AAAAAIIIIII, CHUTA MANDUCA! CHUTA! CHUTA! AAAAAIIIIIIIIIIIIII!!!!!
"A vida não é como as recordações..." lamentei-me para mim mesmo. Mas continuei a acreditar. "Perdido por cem, perdido por mil. Se é para ficar chateado, deixa-me sonhar. A desilusão pode ser maior, mas se falharmos prometo a mim mesmo que já não acredito até ao fim do Campeonato." (eu sei que esta promessa parece esquisita, mas é o "acreditar" que me faz sofrer, porque me traz desilusões. Quando eu me mantenho no meu pessimismo, a convencer-me que as coisas vão correr mal, o sofrimento é mesmo muito menor. Daí que este acreditar na Amadora tenha sido um acto de coragem, mas que tenha implicado a promessa "se ficares chateado com a vida, promete ao menos que é a última vez este ano (no Campeonato)".)
E deu-se a jogada clássica. Bola bombeada, um dos nossos amortece e remate de ressaca. Na última carta, um trunfo. E enquanto eu gritava aquele "GOOOOOOOOOOLLLLLOOOOOOO!!!!!" do fundo da alma, vi o Z. a levantar a bandeira italiana com o número 30. O rapaz nem tem feito grande coisa por nós (lesões e, cheira-me, muita malandrice...), mas no sábado pensei, com todas as letrinhas:
"MICCOLI: VIVA A MÃE QUE TE PARIU!"
E agrada-me, ao recolher as cartas, esperar mais um segundo antes de levantar a última. Sem reacções exteriores (que ser jogador de cartas é como ser jogador de xadrez), festejo interiormente quando me chega milagrosamente o ás de trunfo e praguejo quando me vem um duque de um naipe ao qual eu estava felizmente "seco". Na bola, os últimos minutos são como o levantar da última carta: já irremediáveis (erros são incorrígiveis e feitos praticamente impossíveis de deitar fora), sentimo-nos como na última vaza. Tudo ou nada. É agora.
Na Amadora, a 10 minutos do fim, comecei a escrevinhar esta crónica. Uma coisa deprimente, estilo guião de cinema francês, preto e branco, guionista com um cigarro em slow motion e frases melancólicas (mas sempre futebolísticas) à mistura. (esta imagética não é original, mas tem sido a minha principal influência nos últimos tempos)
Mas depois tive um flash: Espanha - Jugoslávia, Euro 2000. Vi com o meu Pai, na TVE. Relato do grande madridista Michel (que faz parte do meu imaginário de "La Liga" quando eu era criança, juntamente com o mítico Manolo. Só mais tarde apareceu o "Dream Team" do Cruyff, também ele feliz no 14 de Maio de 1994.) e 2-3 a 5 minutos do fim, com a Espanha a precisar de ganhar para passar. Mendieta empata de penalty e festeja exuberantemente, não se apercebendo que o 3-3 não chegava, enquanto Raul corre para o fundo da baliza. "Hay vida." - disse Michel e a Espanha continuou a carregar. Já com segundos para lá dos descontos e toda a gente enfiada na área, Pep Guardiola (o tal que fez Valdano escrever "joga tão bem e com tal elegância, que os companheiros não deviam dizer: "Tua, Pep!", mas "Sua, Pep!") tem a bola no meio campo. "Hay tiempo para un remate"- sussurrou Michel enquanto o outro comentador relatava histérico. E enquanto o meu cérebro pensava em quão futebolística era a frase e como era possível alguém dizer uma coisa tão eminentemente simples e evidente que provava que já tinha estado em campo, Pep mandou-a mesmo para a área. Urzaiz cabeceou e Alfonso (do "meu" Betis) empurrou-a lá para dentro. 4-3 e a Espanha para os quartos. No dia seguinte a capa da "Marca" era elucidativa: "VIVA LA MADRE QUE LOS PARIÓ!" com um adepto pintado com a bandeira espanhola a berrar.
(Sim, este parágrafo enorme passou-me em flash, nuns segundos, na Amadora.)
E acreditei. Centro, Miccoli de primeira, AAAAAIIIIII, CHUTA MANDUCA! CHUTA! CHUTA! AAAAAIIIIIIIIIIIIII!!!!!
"A vida não é como as recordações..." lamentei-me para mim mesmo. Mas continuei a acreditar. "Perdido por cem, perdido por mil. Se é para ficar chateado, deixa-me sonhar. A desilusão pode ser maior, mas se falharmos prometo a mim mesmo que já não acredito até ao fim do Campeonato." (eu sei que esta promessa parece esquisita, mas é o "acreditar" que me faz sofrer, porque me traz desilusões. Quando eu me mantenho no meu pessimismo, a convencer-me que as coisas vão correr mal, o sofrimento é mesmo muito menor. Daí que este acreditar na Amadora tenha sido um acto de coragem, mas que tenha implicado a promessa "se ficares chateado com a vida, promete ao menos que é a última vez este ano (no Campeonato)".)
E deu-se a jogada clássica. Bola bombeada, um dos nossos amortece e remate de ressaca. Na última carta, um trunfo. E enquanto eu gritava aquele "GOOOOOOOOOOLLLLLOOOOOOO!!!!!" do fundo da alma, vi o Z. a levantar a bandeira italiana com o número 30. O rapaz nem tem feito grande coisa por nós (lesões e, cheira-me, muita malandrice...), mas no sábado pensei, com todas as letrinhas:
"MICCOLI: VIVA A MÃE QUE TE PARIU!"
12 Comments:
hugo NN:
Guarda os teus comentários para ti. Ou então toma este endereço: www.ultras12.com.
Podes ler, mas não podes comentar.
Um abraço de alguém que não concebe guerras entre grupos do próprio clube.
O Tirano Vitalício do Blog
tá enterrado o machado!!!afinal juntos somos mais fortes...nunca esquecerei o jogo do GIO no WC de Alvalade em que pareciamos apenas uma claque e démos um autentico banho de apoio aqueles palermas!!!um abraço muita fé para anfield road!e mais uma vez não foi minha intençao denegrir ninguem e se o fiz as minhas desculpas...
Para além do espectáculo DV e NN durante o jogo, os momentos vividos depois do apito final entre os dois grupos também foi grandioso. Algo que só quem lá esteve consegue perceber.
Podemos ter maneiras diferentes de ser e estar mas estamos cá todos pelo mesmo, pelo Sport Lisboa e Benfica.
Enorme Fabrizio Miccoli...
cm benfikista k sou gosto de ler as opiniões k outros têm sobre o nosso clube e foi axim k descobri o teu blog,aproveitando desde já pa te dar os parabéns pk curto bué. hj a ler xte post identifikei-m mto cm as tuas palavras knd dizes k preferes ser peximista ao menos n apanhas desilusões (pois só se desilude kem se ilude). o meu medo pa 4ªf é exe..tou demasiado xperançada numa noite mágica e se ixo n acontecer será 1 grande balde d água fria. contra o man utd e o liverpool xperava derrotas e felizmt tava enganada. bom n te xateio + desejando k 4ªf seja uma grande noite de glória pa voltarms ao lugar k nos pertençe. Saudações benfikistas!!
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Foi sofrer a bom sofrer, com aquela griza F-O-D-I-D-A! Mas valeu a pena pelo golo do anão :P
Fizeste mal em teres entrado logo p o estádio....a já rara Mini de SuperBock teve uma aparição na tasca da esquina.....também foi visto por lá o Sr. Beirão e a Sra.Bifana!!
Não te esqueças de tomar os calmantes 4ª Feira....que ainda temos mtos jogos pela frente :P
Abraço!
grande texto, como é habitual.
e aquele pormenor sobre o cruyff também ter sido feliz a 14 de maio de '94.. ah nostalgia.
o djukic é que ainda deve ter pesadelos com o gr do valencia.. ;)
saudaçoes gloriosas
sem duvida Pulga...o espectáculo depois do jogo foi sem duvida inesquecivel...e só mesmo quem lá esteve...foi o enterrar de discussoes parvas e rivalidades estupidas entre pessoas que lutam e sofrem pela mesma causa: o GLORIOSO SLB!
"Además, creo que la Liga de Campeones está para medirse contra equipos extranjeros de fama"
Rijkaard no El Mundo Deportivo
Cuida a tua azia (Tens hábitos tabágicos ou alccólicos? Comes muitas gorduras? Ou és só mais um anti-Benfiquista primário?) e por favor não me obrigues a vir para aqui discutir que eu mal tenho tempo de actualizar isto.
Ainda bem que não somos favoritos e que somos uns coitadinhos. Ainda bem que vocês andam preocupadose e têm que vir chatear-nos.
Cumprimentos
Sim, porque se fosse o FCPorto ou o Sporting, toda Barcelona estava a tremer de medo...
Ps: "Las vitrinas del Benfica cuentam com 31 Ligas (la última en la pasada edícion, 2004/2005), 24 Copas y 4 Supercopas. A nivel internacional, el equipo posee 2 Copas de Europa (1960/61-Contra el Barça e 1961/62. Hay que destacar que ha sido cinco vezes subcampeón) y 1 Copa Latina (1949/50). Fue finalista de la Recopa en dos ocasiones y en una de copa de la UEFA. Sin lugar a dudas, uno de los grandes del fútbol Europeo." - Jornal Sport.
Ps2: O comentário ao Liverpool-Benfica já saia, chefe...;-)
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08/14
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