Saturday, January 22, 2005

O Futebol é de 1 a 11

Li hoje no Record mais uma crónica do Sr. João Gobern. O Sr. João Gobern é um jornalista que tem, no fim das suas crónicas, uma agradável parte: coloca excertos de livros de futebol. Ora a parte agradável é mesmo esta: não é ele que escreve esta parte. Mas como não há bela sem senão, o sr. Gobern usa estes bons excertos como armas de moralidade de arremesso e, num rasgo de vaidade (deve imaginar que foi ele que escreveu os ditos excertos), dedica-os a alguém do futebol português.
Hoje o Sr.Gobern dedica novamente um excerto às claques portuguesas. Um excerto moralista, obviamente. Fala de claques que não se insultam, etc. Mal sabe eu que a parte que mais gostei foi do facto das bandeiras serem feitas pela claque. Mas adiante. O Sr.Gobern, do alto do seu estatuto de cronista, com direito de opinião, mas sem o dever da resposta (porque as três vezes que já escrevi para aquele jornal não mereceram contra-resposta), lá mandou, de fininho, a célebre boca: "As claques portuguesas só insultam e dizem palavrões."

Há tempos tive neste blog a muito boa publicidade do blog Velho Estilo (http://velhoestilo.blogspot.com). É um excelente blog, feito por alguém que sabe disto e que tem como palavra de ordem "Não ao Futebol Moderno!". Na minha modesta opinião, esta sim, é a grande luta das claques. É a palavra de ordem em Itália e tem que ser em Portugal. Para calarmos os Goberns e Cartaxanas e mostrarmos que o Futebol é dos Adeptos.
Ora, neste blog, há dias, estava um óptimo post, lembrando o Futebol quando este era de 1 a 11. O blog Velho Estilo nunca terá a "tiragem" da crónica do Sr. Gobern, mas ao menos é mais útil. Porque eu acho mais grave o Futebol estar vendido a interesses políticos e económicos do que as claques se insultarem (e quando os adeptos deixarem de se insultar, o futebol será mesmo uma NBA qualquer...).

Dedicado ao blog Velho Estilo (pelas boas razões) e ao Sr. João Gobern, deixo este excerto do livro "Cuentos de Futbol", em que um treinador de uma equipa das distritais distribui as camisolas aos jogadores. De 1 a 11, claro está.
"O número 1, Sebas. Sebas, não te troco porque os guarda-redes são fixos - uma mania que nós, treinadores, temos. Só te peço que não metas dentro as que vão fora. O 2, Cordón. A centrar lá em cima e a dar porrada cá em baixo. Cuidado com os cartões! 3, Idiaquez. Esta titularidade é como se tivesse saído a lotaria! Vamos ver se não acabo o jogo a chamar-te Idiotez. Já nem sei se és canhoto ou se é o pé esquerdo que é pior que o direito...
4, Galler. Mostra autoridade! Por isso é que és o capitão! Se se tem que falar com o árbitro vais tu e nada de palavras feias! Porque nós somos uma equipa de cavalheiros, não somos como estes merdas que se houvesse justiça no Mundo jogavam no meio do lixo, com as moscas e os ratos. E nada de florzitas! Se há merda é chutar para a frente e toca a subir! Eles que se lembrem que há foras de jogo e que o ladrão do fiscal de linha fique com dores no braço!"

1 Comments:

Anonymous Anonymous said...

O que me deixa intrigado no meio disto td é que os Goberns, que têm idade para serem nossos pais e que passaram, pela fase em que o futebol era apenas e só de 1 a 11 e 11 contra 11, deviam ser por isso mesmo, os primeiros a defender o futebol paixão. Mas não, pelo contrário, defendem a indústria em que se tornou este mundo e desprezam totalmente os valores que foram incutidos até mesmo em nós, mais novos. Qual a conclusão que se pode tirar daqui? Somos nós, os ultras, os que andam lá para arranjar confusão, os arruaceiros e criminosos, que transportamos o que de mais puro e duro tem o futebol. Foi assim que aprendi a gostar da bola, é assim que tenho vivido a gostar da bola e será assim que vou continuar a olhar para a bola. Aquela onde diz apenas "cautchú". Lembram-se?

3:59 PM  

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