Benfica - Belenenses: Eu, treinador de bancada
E, finalmente, o treinador de bancada que há em mim estoira.
Sempre que venho cá escrever faço um exercício brutal de força interior para não comentar o jogo tacticamente e não especificar ódios ou amores a jogadores e treinadores (excepto, claro, o apreço que tenho pelo grande Trap).
Depois de atrasar propositadamente esta crónica (geralmente é mesmo falta de tempo, mas agora foi mesmo para evitar escrever sobre o jogo em si), vejo que na hora de a escrever, mantém-se em mim a vontade de escrever sobre os problemas que assaltam o Benfica neste momento. Vou então, fazê-lo. Espero conseguir sustentar logicamente o que a seguir vou expôr e estou à vontade para um animado debate acerca disto. Aqui vai:
1. Algo se passa na equipa médica do Benfica. Já são três anos a ver lesões atrás de lesões. Era engraçado alguém ir perguntar o que se passa.
2. O 4x2x3x1. Comecemos por uma breve análise histórica deste sistema: segundo a minha (parca) experiência futebolística, pontificava o 4-4-2 puro até 1994, quando o Brasil vence o Campeonato do Mundo com esta mesma táctica mas com a particularidade dos dois médios centro (Dunga e Mauro Silva) terem características de trincos. Já nesse ano, o Benfica jogava com Kulkov à frente do quarteto defensivo e os vizinhos do outro lado (o feio) da 2ª Circular jogavam com um rapaz de Viseu de nome Judas.
Começava-se a ver a utilidade dos trincos e as suas enormes potencialidades de recuperadores de bolas e "pivots" do lançamento de contra-ataques. No Euro96 nasce o "duplo pivot", numa competição - quanto a mim - do mais entediante futebol de sempre. Só a Inglaterra teimava em jogar no 4-4-2 puro (Ince, Gazza, McManaman e Darren Anderton no meio campo) e até Portugal juntava Oceano e Judas à frente da defesa.
Depois desse Europeu, as equipas rotinaram-se nesse sistema e provou-se ser possível jogar bem futebol e ter dois médios à frente da defesa.
Até aqui, tudo bem. O Benfica joga assim há anos e tudo parece razoável: o esquema dá segurança defensiva, é um facto.
Qual é então o problema deste sistema táctico aplicado na Luz? É simples: é que os contrários respondam a jogar com o mesmo sistema mas muito mais recuado. A coisa encaixa e depois é preciso desequilibrar. O problema é que o Benfica não tem assim tantos jogadores que sejam capazes de desequilibrar no sentido literal do termo (Simão é o mais proeminente, Geovanni é só mesmo contra os verdes e de resto há jogadores ligeiramente acima da média, mas nada que seja tanto que compense a vontade de comer a relva que todas as equipas mostram no nosso estádio.) e então passamos os jogos a ver andebol, ou seja, andar à volta da área adversária: lateral passa ao extremo, extremo ao lateral. Olham para o lateral e médio - ala contrários, não os fintam, não se desmarcam, não desequilibram e dão a um dos médio centro. Os três médios centro têm três à frente deles, não os fintam, não se desmarcam, não desequilibram e passa-se a bola ao ala ou ao lateral do lado contrário repetindo outra vez o ciclo. Quando a Luz perder a paciência dá-se a bola ao Nuno Gomes - marcadíssimo e sem corpo para fazer frente a Hugos Alcântaras e outros tais - ou centra-se para o número 21 sendo este um ponta de lança que não ataca a bola (bonito paradoxo).
Pelo meio perdemos a paciência, perdemos a bola dando contra ataques que pôem os adeptos com problemas cardíacos e não saímos disto.
Que proponho eu? Também não sei. Sei é que o Nuno Gomes - apesar dos seus 10 golos e das suas boas exibições este ano - não é um ponta de lança que marque muitos golos como marcou no dragão - em que atacou a bola, em que acreditou que DE FACTO ia marcar - e isso é um entrave. Mas pior é ver que este sistema, que pontifica há algum tempo (já Camacho o alternava com o 4-4-2 com N.Gomes e um jogador lesionado que está nos azuis) não está ainda suficientemente rotinado para se conseguir um fio de jogo que dê superioridade táctica ao Benfica contra este esquema rival tão óbvio: a mesma táctica, cada um ao seu e é só aguentar 90 minutos.
3. A motivação. É que a brincar, a brincar, este foi o esquema que nos fez Campeões (alternando com aquelas obscenidades de Karadas, Mantorras e Nuno na frente, a 5 minutos do fim e que resultavam - inexplicavelmente ou Trapattonimamente - sempre). Que falta então?
O acreditar, a garra, o "Ninguém Pára o Benfica" que gritávamos em plenos pulmões mesmo sabendo as limitações todas que tínhamos. E isso, é mais grave que todos os problemas tácticos. A equipa não entra em campo como Campeã, não se crê superior aos outros. E numa equipa como o Benfica, isso é imperdoável.
Eu, como treinador de bancada insuportável (os meus companheiros de curva que o digam) olho para o Benfica e vejo isto. Mas isto sou eu, um pessimista irrecuperável que não consegue comer depois das derrotas e dos empates.
Um abraço e desculpem lá o desabafo.
Sempre que venho cá escrever faço um exercício brutal de força interior para não comentar o jogo tacticamente e não especificar ódios ou amores a jogadores e treinadores (excepto, claro, o apreço que tenho pelo grande Trap).
Depois de atrasar propositadamente esta crónica (geralmente é mesmo falta de tempo, mas agora foi mesmo para evitar escrever sobre o jogo em si), vejo que na hora de a escrever, mantém-se em mim a vontade de escrever sobre os problemas que assaltam o Benfica neste momento. Vou então, fazê-lo. Espero conseguir sustentar logicamente o que a seguir vou expôr e estou à vontade para um animado debate acerca disto. Aqui vai:
1. Algo se passa na equipa médica do Benfica. Já são três anos a ver lesões atrás de lesões. Era engraçado alguém ir perguntar o que se passa.
2. O 4x2x3x1. Comecemos por uma breve análise histórica deste sistema: segundo a minha (parca) experiência futebolística, pontificava o 4-4-2 puro até 1994, quando o Brasil vence o Campeonato do Mundo com esta mesma táctica mas com a particularidade dos dois médios centro (Dunga e Mauro Silva) terem características de trincos. Já nesse ano, o Benfica jogava com Kulkov à frente do quarteto defensivo e os vizinhos do outro lado (o feio) da 2ª Circular jogavam com um rapaz de Viseu de nome Judas.
Começava-se a ver a utilidade dos trincos e as suas enormes potencialidades de recuperadores de bolas e "pivots" do lançamento de contra-ataques. No Euro96 nasce o "duplo pivot", numa competição - quanto a mim - do mais entediante futebol de sempre. Só a Inglaterra teimava em jogar no 4-4-2 puro (Ince, Gazza, McManaman e Darren Anderton no meio campo) e até Portugal juntava Oceano e Judas à frente da defesa.
Depois desse Europeu, as equipas rotinaram-se nesse sistema e provou-se ser possível jogar bem futebol e ter dois médios à frente da defesa.
Até aqui, tudo bem. O Benfica joga assim há anos e tudo parece razoável: o esquema dá segurança defensiva, é um facto.
Qual é então o problema deste sistema táctico aplicado na Luz? É simples: é que os contrários respondam a jogar com o mesmo sistema mas muito mais recuado. A coisa encaixa e depois é preciso desequilibrar. O problema é que o Benfica não tem assim tantos jogadores que sejam capazes de desequilibrar no sentido literal do termo (Simão é o mais proeminente, Geovanni é só mesmo contra os verdes e de resto há jogadores ligeiramente acima da média, mas nada que seja tanto que compense a vontade de comer a relva que todas as equipas mostram no nosso estádio.) e então passamos os jogos a ver andebol, ou seja, andar à volta da área adversária: lateral passa ao extremo, extremo ao lateral. Olham para o lateral e médio - ala contrários, não os fintam, não se desmarcam, não desequilibram e dão a um dos médio centro. Os três médios centro têm três à frente deles, não os fintam, não se desmarcam, não desequilibram e passa-se a bola ao ala ou ao lateral do lado contrário repetindo outra vez o ciclo. Quando a Luz perder a paciência dá-se a bola ao Nuno Gomes - marcadíssimo e sem corpo para fazer frente a Hugos Alcântaras e outros tais - ou centra-se para o número 21 sendo este um ponta de lança que não ataca a bola (bonito paradoxo).
Pelo meio perdemos a paciência, perdemos a bola dando contra ataques que pôem os adeptos com problemas cardíacos e não saímos disto.
Que proponho eu? Também não sei. Sei é que o Nuno Gomes - apesar dos seus 10 golos e das suas boas exibições este ano - não é um ponta de lança que marque muitos golos como marcou no dragão - em que atacou a bola, em que acreditou que DE FACTO ia marcar - e isso é um entrave. Mas pior é ver que este sistema, que pontifica há algum tempo (já Camacho o alternava com o 4-4-2 com N.Gomes e um jogador lesionado que está nos azuis) não está ainda suficientemente rotinado para se conseguir um fio de jogo que dê superioridade táctica ao Benfica contra este esquema rival tão óbvio: a mesma táctica, cada um ao seu e é só aguentar 90 minutos.
3. A motivação. É que a brincar, a brincar, este foi o esquema que nos fez Campeões (alternando com aquelas obscenidades de Karadas, Mantorras e Nuno na frente, a 5 minutos do fim e que resultavam - inexplicavelmente ou Trapattonimamente - sempre). Que falta então?
O acreditar, a garra, o "Ninguém Pára o Benfica" que gritávamos em plenos pulmões mesmo sabendo as limitações todas que tínhamos. E isso, é mais grave que todos os problemas tácticos. A equipa não entra em campo como Campeã, não se crê superior aos outros. E numa equipa como o Benfica, isso é imperdoável.
Eu, como treinador de bancada insuportável (os meus companheiros de curva que o digam) olho para o Benfica e vejo isto. Mas isto sou eu, um pessimista irrecuperável que não consegue comer depois das derrotas e dos empates.
Um abraço e desculpem lá o desabafo.
3 Comments:
Faço tuas as minhas palavras, exceptuando quando te assumes como um trapatonniano, pois eu nunca foi, nem sou fã do Sr. Trap.
No entanto, temos de reconhecer que o nosso Benfica neste momento está a jogar deste modo, dado que temos, se não me engano, 6 (seis) jogadores lesionados, todos eles com lugar garantido na primeira equipa.
Não nos esqueçamos o porquê de na época passado termos levado 4 (quatro) no restelo, a equipa que apresentámos era francamente medíocre, a nossa dupla de centrais era constituida pelo Argel e pelo Amoreirinha.
Como diz o nosso povo "Sem ovos, não se fazem omoletes".
Já agora, a título de curiosidade, aquele rapaz a que te referes, ele na realidade é de Viseu, mas formou-se no clube do "meu" bairro, chamado Repesenses.
Vamos ter um pouco de calma,a equipa este ano na minha opiniao é melhor que o ano passado,e antes das lesoes ganhamos no dragao,e fizemos 3 bons jogos na champions,tem-nos faltado aquela pontinha de sorte,na naval podiamos ter ganho num relvado improprio,em casa com o villareal chegamos a massacrar...vamos acreditar...
SE NOS NAO ACREDITARMOS...QUEM VAI ACREDITAR?!
Ontem, cerca de meia hora depois de acabar o Benfica-Man Utd pensei nisto: "Eheh, agora quero ver o que vai postar o artista do diariodeumultra.blogspot.com. Será que até ele tem palavras para descrever o que se passou no estádio...perdão, Inferno da Luz!?"
Venha de lá essa postada!
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