Itália II: Torino - Verona
Depois de uma manhã na Campioni e no centro de Turim, almoçámos e fomos para o estádio após recolhermos um ultra da Fossa Dei Leoni amigo dos nossos “hóspedes” que ia ao jogo só e somente para… os Veronesi.Acho que para ser Ultra não é necessário partir tudo e todos. E a escalada de violência em Itália já subiu muito. Demais. Foram vários os Ultras com quem falei e que ficaram bastante impressionados com o facto de cá os confrontos serem raros, e pasmem-se, sem facas.Com o jogo às 20.30, às 17.00 já estavam 300 "meninos" à espera dos veronesi. E não eram 300 meninos com 17 anos e com 1,65 de altura e 60 kg de peso, acreditem. 300 Ultras de diferentes grupos (Ultras Granata, Granata Korps, etc), todos juntos e em amena cavaqueira, à espera dos gialloblu. O pessoal da Vecchia Maniera, com uma onda mais casual, não tinha cachecóis nem bonés do grupo. Só os incontornáveis bonés e outra roupa das marcas mais que conhecidas (Burberry, Aquascutum e Stone Island) e as ligações à Italian Crew do Millwall.Entretanto, passam 3 carrinhas de Carabinieri perto da concentração granata. Duvido que em Portugal alguém fizesse mais que cantar contra eles. Entre tudo o que foi mandado às carrinhas , estas lá fugiram. Assim, como se só a sua passagem fosse uma provocação. E lá, é uma provocação.Apesar de todo o clima de espera e dos boatos que chegariam 7 "pullmans" de veronesi, estes vieram apenas 200 e já com o jogo a começar.Lá dentro, os Ultras do Torino impressionaram-me muito pela positiva. É tudo aquilo que vemos em fotos e videos da net e revistas. São todos os grupos a cantar juntos com paixão e força 90 minutos. É uma tochada/fogo de artificio estrondosa no ínicio do jogo, os cânticos contra o presidente (já que estavam em protesto contra este - a tal autonomia em relação ao clube, que permite que os Ultras se manifestem sem medo de represálias como ficar sem o "bilhetinho de claque"), contra os veronesi ("Veronesi son figlio di Troia....Il pezzo de merda è tu...Gialloblu! Gialloblu!...")... Cânticos com letras compridas, palmas que não atrapalham os mesmos, o "Só eu sei..." na versão ORIGINAL.... É arrepiante. É de outro mundo. É...Ultra. No meio disto tivémos a honra de colocar o nosso pano no Delle Alpi e de o ir retirar ao tartan, ficando assim com mais um estádio mítico na colecção.O Toro ganhou 3-1 e jogou muito à bola. As bancadas foram ao rubro, os jogadores vêm agradecer, no outro dia um jornal tinha uma peça só sobre "A paixão da maratona" na crónica do jogo.O que mais me impressionou neste dia foi o facto de para eles tudo ser indissociável. A violência (desproporcional e perigosa, quanto a mim), o apoio, a paixão. Tudo aquilo faz parte da cultura deles, já que estamos a falar de pessoas cuja vida...é ser Ultra. 7 dias em 7.Despedimo-nos de Turim satisfeitos. Aos amigos que nos trataram como reis, que nos ofereceram coisas da sua colecção, que se preocupavam com tudo para não termos chatices oferecemos também cachecóis do nosso grupo e a promessa que serão sempre bem recebidos em Lisboa e que tudo faremos para os tratar tão bem como fomos tratados.
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