Monday, March 03, 2008

6 anos em alvalade (como isto mudou)

Com os meus cumprimentos ao D`Arcy, um dos Tertulianos.

Foi o meu sexto derby consecutivo em alvalade, sempre na bancada Benfiquista. Em 6 anos a seguir o Benfica (nem sempre com uma fidelidade por aí além ou que justifique o título deste blog), foi a única deslocação que nunca falhei.
Tudo começou na época 2002/2003. Era a primeira vez que ia pisar o terreno dos velhos rivais. Para um caloiro, para alguém que não fazia a mínima ideia do que era uma claque, a deslocação foi um conto de fadas. A concentração na velha Catedral foi óptima e quando os No Name passaram à frente da sede dos Diabos, deu-se uma confraternização que marcou alguma quebra da tensão com que se vivia na altura. O caminho para o estádio foi maravilhoso, como se de um passeio se tratasse. Lembro-me bem de termos discutido todas as frases antes e de termos tido respostas para tudo o que eles levantavam. Zahovic e Tiago marcaram e fomos altamente superiores. Cheguei a casa como a pessoa mais feliz do mundo.
No ano a seguir, numa tarde de sol, lá fui outra vez. Senti de imediato a diferença que o Euro 2004 nos trouxe. Éramos terrivelmente menos. As grandes invasões (e eu nem imagino o que terá sido o caminho da Luz a alvalade a 14 de Maio de 1994) tinham acabado. Ainda assim, rodeados da mística que a morte de Feher, foram os melhores 20-30 minutos que vi da curva vermelha. Quando DV e NN coincidiram, foi uma loucura que culminou com o golo de Geovanni. Foi um dia à Benfica, cuja melhor imagem foi o festejo de Álvaro Magalhães.
Nos dois anos a seguir, levei 2-1. No primeiro, foi o regresso do meu amigo Isso me envaidece... de Barcelona e a minha fé inabalável no Trapattoni. Percebi que se nem perdendo o derby eu contestava o senhor, nada mo faria fazer. E ainda bem que, em certas coisas, sou teimoso como a Velha Raposa. 2005/2006 foi marcado pelos célebres confrontos de Telheiras. Nesse dia, vi com os meus olhos como toda a "cena" tinha mudado. No espaço de alguns anos, o cortejo mais pacífico do mundo passava para uma inacreditável incompetência da polícia e uma chuva de pedras e muitas histórias de internet. Mas mais que isso: com o passar dos anos, os cachecóis e as t-shirts dos grupos foram desaparecendo e ficando em casa. Apareceram as roupas de marca, os bonés, os grupos mais pequenos que procuram os outros grupos pequenos. A influência do Euro 2004 no seu esplendor.
Farto de perder no estádio dos queridos inimigos, o ano passado foi uma delícia. A concentração respirava confiança e o cortejo foi dos mais divertidos que fiz (muito por culpa das pessoas que me deram o megafone e me fizeram dizer as expressões "CSKA", "Moscovo", "Peseiro", "E você, esteve na final da Uefa?" vezes demais). Os 0-2 souberam-me a pouco. Mas esse foi o meu derby. Houve também a concentração de skins propositadamente marcada para esse dia. As coisas foram sempre subindo de tom, paulatinamente.
Este ano, a chegada ao estádio foi a mais complicada dos últimos 6 anos (no ano de Telheiras a entrada para o estádio foi pacífica, antes é que não). À minha frente, cai uma garrafa de cerveja. Não estou sequer prevenido, pensava que isto era alvalade. Imediatamente, o gajo à minha frente responde: acende uma tocha e manda-a para o meio dos lagartos. É logo apanhado. Na entrada, nota-se que os polícias estão ainda mais tensos que o costume. Empatámos 1-1. Soube-me a pouco. Faltou-me o golpe de teatro à Geovanni ou a superioridade clara do número 30 de Tiago ou Miccoli.
As coisas estão muito diferentes, desde que comecei a ir à bola. É-me quase embaraçoso a maneira despreocupada como antes andava com uma t-shirt dos DV em dia de derby. A maneira como não me preocupava. Ontem, o tema das facadas era recorrente e atrevo-me a dizer que os cachecóis raros. Eu, por exemplo, não levei.
Se o derby de Lisboa tem qualquer coisa de imutável, o facto de o seguirmos sempre também nos pode, paradoxalmente, fazer reflectir como observadores externos. Ontem, com o F. e o T. antes do jogo, a olhar à volta, percebi como o mundo dos adeptos deu uma volta em seis anos. Como as coisas mudam, apesar da paixão ser a mesma.
Dia 16 de Abril há mais.

6 Comments:

Anonymous Anonymous said...

"2005/2006 foi marcado pelos célebres confrontos de Telheiras. Nesse dia, vi com os meus olhos como toda a "cena" tinha mudado."

Nao concordo ctg. O que se sucedeu em Telheiras foi um cheirinho do que era antigamente e antigamente estas cenas repetiam-se em varios pontos de Lisboa. Nao eram cenas combinadas porque a malta sabia os sitios e os poisos dos lagartos e eles os nossos. Em dia de jogos e nem era preciso ser derby lisboeta estas cenas aconteciam com alguma frequencia.

"Apareceram as roupas de marca, os bonés, os grupos mais pequenos que procuram os outros grupos pequenos."

Concordo e muito se nota essa tendencia nos DV. É positivo essa autocritica ainda por cima de malta DV que nao tem problemas de afirmaçao contra o futebol moderno mas depois armam-se dos pes a cabeça com adereços de marcas que vao ao encontro desse fenomeno.

Boa cronica e bom ambiente para quem esteve la.

3:42 PM  
Blogger Ricardo said...

Lá estive, em Alvalade, por cima dos No Name, no segundo anel, a puxar pelo Glorioso. Andei 5 minutos em casa, antes do jogo, a decidir se punha o cachecol do Benfica ou não - isto, só por si, já espelha bem a terrível situação em que o Futebol se encontra. Se já temos dúvidas sobre se levamos adereços do nosso clube para um Estádio adversário alguma coisa está irremediavelmente perdida. Enfim... decidi-me por levar o cachecol. Chegado à zona do metro, um mar verde. Claques dos dois lados. Eu e o meu Pai lá fomos passando pela zona e acabámos a beber umas bujas. A forma como me olhavam (o meu Pai não levava nenhum adereço) foi a coisa mais estranha que já experienciei.Um ódio horrível. De toda a gente - mulheres e crianças, incluídas. Veio um Polícia ter connosco a avisar-me para guardar o cachecol porque poderia, e cito, "incitar as claques leoninas à violência". À violência? Milhares de gajos são incitados à violência porque vêem um tipo com um cachecol vermelho, a beber uma cerveja, em frente ao estádio? Absolutamente ridículo. Não tirei o cachecol. Tirando um "lá vai um porco", nenhuma outra frase ouvi da boca de adeptos do Sporting. Os olhares, esses, diziam mais do que qualquer "lá vai um porco". Desastroso, triste, ridículo. No Estádio, quando chegámos aos nossos lugares, pouca gente do Benfica. 5 minutos antes de começar o jogo, já a bancada se enchia de cores vermelhas espalhadas por todo o lado. O jogo não foi aquilo que se esperava. E ainda achei mais ridículo a forma quase feliz com que todos nós saímos daquele Estádio. Quando empatar em casa do Sporting nos deixa este tipo de sensação alguma coisa tem de, rapidamente, mudar. Aposto no treinador e na saída de Vieira da gestão do Futebol. Gente do Benfica e competente para o Futebol. Só assim me farão quase chorar por ter empatado em Alvalade...

Nota para os No Name: não sendo um admirador de claques, admito que estiveram absolutamente imperiais. Todos os 90 minutos só se ouviu "Benfica". Grande apoio.

7:23 PM  
Anonymous Anonymous said...

M., o cachecol é sagrado!

Este ano até tive receio pq era o 1º derby do caxe 25 anos.

O Ultras amarelo tem sido fiel companheiro, e o estar com o dobro do tamanho original mostra como o nó quase nunca foi desatado!

Domingo lá estaremos, entretanto vamos rezando para que o Bidon não saia do banco...

aquele abraço

6:17 PM  
Blogger Paulo said...

Mais de 20 anos depois, o estilo Casual chegou a Portugal. Ainda está "na moda" e cada vez mais vai afirmar-se como um refúgio para quem não quer se identificado com o actual estado de coisas nos estádios.

Confesso que não me desagrada de todo, mas prefiro muito mais o Velho Estilo Ultra.

Eu não dispenso o meu cachecol e prefiro levar o meu antigo boné dos NN, em vez de um qualquer boné da Burberrys... mas isso sou eu, não critico ninguém.

Foi o meu sexto derby em Alvalade e, apesar da boa presença dos Ultras do Benfica, confesso que já me sinto "deslocado". Mesmo assim, boa deslocação!

3:49 AM  
Anonymous Anonymous said...

Quem concordar com alguns pontos, subscreva: http://www.PetitionOnline.com/Glorioso/petition.html

Depois da exibição vergonhosa desta noite do Sport Lisboa e Benfica frente ao Getafe, decidi manifestar a minha indignação relativamente à actual situação do clube. Penso que muitos adeptos do Benfica partilham, neste momento, a mesma preocupação e, por isso, temos de fazer ouvir as nossas opiniões junto dos que têm poder de decisão dentro do clube. Os sócios, adeptos e simpatizantes são a alma do Benfica e não podemos permitir que certas situações continuem a acontecer de forma descarada e que conduzem à desmobilização em torno da equipa de futebol. Se não há uma onda de vitórias e títulos não conquistamos novos adeptos e o clube poderá entrar em queda em termos de popularidade.

O treinador espanhol José António Camacho falou em falta de motivação dos jogadores (inexplicável como isto pode acontecer) na hora da sua saída e o presidente do clube, Luís Filipe Vieira, prometeu que o grupo iria dar o seu melhor no jogo contra o Getafe. Ora isso esteve muito longe de acontecer esta noite, dia 12 de Março de 2008.

Há jogadores que não podem continuar a representar o Benfica. São uma ofensa para a instituição pelo seu fraquíssimo rendimento. Luís Filipe, Maxi Pereira, Edcarlos, Makukula, Di Maria e Nuno Gomes serão os casos mais flagrantes.

Em termos de gestão de plantel, o guarda-redes alemão Hans-Jörg Butt nunca devia ter sido contratado. O ordenado chorudo que se paga a esse jogador dava para segurar outros atletas de muita maior importância. Defendo, como outros benfiquistas, que é preferível aumentar o salário a jogadores como Simão Sabrosa (saiu para o Atlético de Madrid) ou Fabrizio Miccoli (está no Palermo) do que ter três ou quatro futebolistas de nível medíocre no plantel. Depois defendo a aposta nos juniores (discordo relativamente ao excesso de estrangeiros no actual plantel – situação a rever) em vez de Maxi Pereira e companhia.

Depois, pessoalmente, até simpatizo com Pedro Mantorras. É um jogador que mexe com as bancadas e tem sido até talismã em alguns jogos, mas está na altura de dizer aos adeptos se Mantorras pode jogar ou não os 90 minutos. Caso contrário, o Benfica não pode continuar a ser o abono de família do futebolista. Parece-me claramente protegido pelo presidente Luís Filipe Vieira. Está na altura de sair.

Falando do Sr. Luís Filipe Vieira, disse que esta era a melhor equipa dos últimos 10 anos, mas não é isso que estamos a assistir, antes pelo contrário. Deve explicações claras aos sócios e não andar com rodeios, falando em segundos objectivos. É verdade que o Sr. Luís Filipe Vieira continuou com o trabalho de recuperação financeira do clube, iniciado por Manuel Vilarinho, mas o problema é que prometeu títulos nos últimos anos e que íamos dominar o futebol português.
Vencemos um campeonato com Giovanni Trapattoni e uma Supertaça Cândido de Oliveira com Ronald Koeman, mas Fernando Santos não ganhou qualquer troféu, sendo que esta época muito dificilmente conseguirá o único troféu disponível (Taça de Portugal). Estamos a jogar muito mal e é preciso mudanças de fundo. É preciso lembrar que estamos a 14 pontos do FC Porto, repito 14!
Os adeptos querem títulos, mas também penso que querem estar na luta até ao final, ter uma equipa competitiva e o Benfica não tem. Depois contratámos um avançado (péssimo) e um defesa-esquerdo (poderá ter alguma qualidade) na reabertura de mercado de transferências, mas não temos um único extremo-direito de raiz no plantel. Isto tem algum nexo? Que gestão é esta?

Coloco igualmente em causa a decisão do Sr. Luís Filipe Vieira de dar trabalho a adeptos de outros clubes. Existem benfiquistas tão ou mais profissionais do que certos elementos que estão à enriquecer à custa do Benfica. Diria mesmo a minar o clube. Está, na altura, de acabar com essa situação. O Benfica é dos benfiquistas.

Outra questão é a dos lesionados. Nos últimos anos temos tido bastante jogadores com lesões. É necessário tentar inverter esta situação, verificar o que está mal na preparação dos atletas, pois é um ponto essencial no futebol actual.

Por fim, ressalvo que não pretendo qualquer tipo de protagonismo com esta petição. Fiquei apenas bastante chateado com o jogo de hoje e espero que todos os benfiquistas manifestam a sua indignação em relação ao actual estado de coisas. Com outra capacidade de decisão, espero que os sócios (já fui também) compareçam nas Assembleias-Gerais e demonstrem a sua força, tal como fizeram recentemente. É que os presidentes, dirigentes, treinadores e jogadores passam, mas os adeptos continuam. Não vamos deixar morrer o BENFICA. FORÇA BENFICA. Subscrevam!

Saudações benfiquistas

5:20 PM  
Anonymous Anonymous said...

os benfiquistas hoje sentem o medo que a equipa sente em campo e vice versa o benfica nao era assim os adeptos do benfica nao eram assim
e parece que nao á quem vá á luta para o benfica voltar a ser o mesmo

norte vermelho

6:43 AM  

Post a Comment

<< Home