Rui Costa
Cresci contigo. Era pequenino, tinha 9 anos, e conheci-te quando marcaste 3 golos ao Espinho numa tarde de Sol na Luz, mais iluminada pelo facto do Famalicão ter ganho nas Antas na jornada anterior. Eu era um miúdo feliz. Estupidamente feliz. Quem podia não ser feliz com João Pinto, Futre, Mozer, Paulo Sousa, Schwartz, Isaías, Águas e Paneira e tu na mesma equipa?
Temi quando não te vi no 11 que entrou a 14 de Maio de 94 em Alvalade. Mais que pela cabeça do Toni, pela minha. Fomos Campeões. Fui um puto feliz.
No Verão de 94, estava em casa da minha avó. Brincava muito com os meus primos e ia à praia. O meu pai, com ar de quem me vai mostrar uma coisa má, mostrou-me n`A Bola que nos ias deixar. A tua fotografia no jornal era triste. Não ias bem. E eu - e nós - não ficámos bem. Nunca mais.
Desde que te foste embora que isto aqui ficou mal. Péssimo. Daquela equipa onde tu estavas, onde te conheci, pouco ou nada sobrou. A equipa dos meus olhos, que me fez um puto feliz. Nas horas vagas, farto de ver o nosso Benfica levar porrada, via-te em Itália. A fazer outros miúdos felizes, mas com o coração cá.
Cresci à tua espera. Triste com as coisas cá. Rodeei-me de música, de livros, de amigos. E via-te ao longe. Como uma tarde em que os viola deram 4 ao Milan a compasso teu (no último golo fingiste assitir o companheiro isolado e chutaste sem olhar, o meu pai e eu fomos ao chão), ou quando ganhaste a Champions e até marcaste um golo que te foi mal anulado. E nós, por cá, à espera. E tu também. Via-se nos teus olhos que querias ter ficado cá.
Saíste pela porta que querias, que era a da Luz. Não foi a grande, porque os tempos são maus (são-no desde que saíste, Rui). Mas obrigado. Obrigado por teres cumprido a promessa de voltar. Obrigado por sempre que perdemos ou empatamos ficares tão lixado como nós.
Um obrigado muito grande por teres sido - e aqui vai um cliché - o meu ídolo da adolescência.
Eu sempre quis escrever como Fernando Pessoa e desenhar como Picasso, mas mais que tudo, sempre quis jogar à bola como tu, Rui Costa.
Ontem não pude ir ao estádio e, na televisão, não consegui ver tudo até ao fim. Despedir-me de ti seria despedir-me da minha infância e da minha adolescência. De ti levo aquele Benfica - Parma, o jogo fabuloso que fizeste contra a Inglaterra em 2000, o facto de teres uma baliza tua num Estádio de sonho e de teres sido um daqueles unânimes, que até adversários aplaudem.
Mas mais que isso, levo aquela imagem que vou associar a anos da minha vida: a cabeça levantada, a bola colada ao pé, o olhar elegante. A poesia em movimento.
Temi quando não te vi no 11 que entrou a 14 de Maio de 94 em Alvalade. Mais que pela cabeça do Toni, pela minha. Fomos Campeões. Fui um puto feliz.
No Verão de 94, estava em casa da minha avó. Brincava muito com os meus primos e ia à praia. O meu pai, com ar de quem me vai mostrar uma coisa má, mostrou-me n`A Bola que nos ias deixar. A tua fotografia no jornal era triste. Não ias bem. E eu - e nós - não ficámos bem. Nunca mais.
Desde que te foste embora que isto aqui ficou mal. Péssimo. Daquela equipa onde tu estavas, onde te conheci, pouco ou nada sobrou. A equipa dos meus olhos, que me fez um puto feliz. Nas horas vagas, farto de ver o nosso Benfica levar porrada, via-te em Itália. A fazer outros miúdos felizes, mas com o coração cá.
Cresci à tua espera. Triste com as coisas cá. Rodeei-me de música, de livros, de amigos. E via-te ao longe. Como uma tarde em que os viola deram 4 ao Milan a compasso teu (no último golo fingiste assitir o companheiro isolado e chutaste sem olhar, o meu pai e eu fomos ao chão), ou quando ganhaste a Champions e até marcaste um golo que te foi mal anulado. E nós, por cá, à espera. E tu também. Via-se nos teus olhos que querias ter ficado cá.
Saíste pela porta que querias, que era a da Luz. Não foi a grande, porque os tempos são maus (são-no desde que saíste, Rui). Mas obrigado. Obrigado por teres cumprido a promessa de voltar. Obrigado por sempre que perdemos ou empatamos ficares tão lixado como nós.
Um obrigado muito grande por teres sido - e aqui vai um cliché - o meu ídolo da adolescência.
Eu sempre quis escrever como Fernando Pessoa e desenhar como Picasso, mas mais que tudo, sempre quis jogar à bola como tu, Rui Costa.
Ontem não pude ir ao estádio e, na televisão, não consegui ver tudo até ao fim. Despedir-me de ti seria despedir-me da minha infância e da minha adolescência. De ti levo aquele Benfica - Parma, o jogo fabuloso que fizeste contra a Inglaterra em 2000, o facto de teres uma baliza tua num Estádio de sonho e de teres sido um daqueles unânimes, que até adversários aplaudem.
Mas mais que isso, levo aquela imagem que vou associar a anos da minha vida: a cabeça levantada, a bola colada ao pé, o olhar elegante. A poesia em movimento.
11 Comments:
Pois é M... E tu perdeste a última estrofe ;)
Pela a última estrofe não ter terminado como o poeta mais merecia: com um título e com um golo. O 2º ele bem que o procurou, quanto ao 1º, os poetas não fazem milagres. Fui lá despedir-me, era incapaz de não ir.
Afinal de contas estava no Benfica - Estoril quando ele se estreou.
Estava no Benfica - Guimarães, último jogo dele na Velha Luz antes de ir para Itália.
Estava na Nova Luz no dia em que regressou, não poderia faltar no domingo.
O Rui é um caso à parte, fez-me gostar da fiore, simpatizar com o Milan (incrível... nós que perdemos duas finais com eles, uma delas a fazer me chorar, mas tinham o Rui).
Ele agradeceu no fim, mas desculpem lá... nós é que temos de agradecer!
E M., o jogo que referiste... Que magia! Quando o Benfica era Benfica... Ainda me lembro há 2 verões atrás esse jogo dar na RTP Memória e nós, via SMS a comentarmos o 1º golo. A saudade já chegou...
Viva o Benfica!
"Isto" que acabei de ler é, de longe - de muito longe, mesmo - o melhor texto que já li sobre o nosso Maestro.
Bem hajas, companheiro!
Muitos títulos ganhou este senhor pelo benfica...deixa ver, um campeonato, uma taça...4 épocas de sénior no benfica, 7 na fiorentina, 4 no milan...realmente depois de eusébio, do simões, do coluna, do josé águas, do torres, do toni, do chalana, do humberto,do valdo, do ricardo, do joão pinto,etc...vem o símbolo rui costa!
E foi um final bonito, uma ida à uefa! Para quem já ficou um ano fora dela, não é mau de todo, sempre é um 4º lugar :)
eu subscrevo as mesmas palavras, só quem sente o Benfica de uma maneira especial consegue compreender...e sim estive no estádio e tb chorei...sinceramente no futebol não consigo vislumbrar nenhum jogador igual ao Rui Costa, não só como pessoa, mas também como homem...fez-nos acreditar que ainda há amor à camisola e isso já não há no futebol, o que se vê é amor à conta bancária...
A ligação que existe entre Rui Costa e os benfiquistas não tem que ver com títulos ou anos de clube.
Tem a ver com um sentimento comum.
GZ, já que queres entrar na estatística, não foram 4 anos, foram 5, aos quais se somam outros 13 anos de ligação contratual ao clube na sua formação. 18 anos de Benfica, coisa pouca sem dúvida!
Eu estou-me completamente a marimbar para o pessoal que ironiza com o facto do Rui Costa não ser propriamente um símbolo do Benfica pq não passou tempo suficiente no clube, a nivel principal, para merecer este estatuto.
Porquê?
Porque o Rui Costa foi o único jogador que nunca renegou o seu amor pelo Benfica, principalmente qd foi para Itália e por lá se manteve durante tantos anos até ao seu regresso. Nunca o escondeu essa paixão e fê-la sempre da mesma forma que nós, adeptos fundamentalistas, faríamos. Por isso é um dos nossos. Por isso, se não fosse no campo, estaria ao nosso lado na bancada. Foi sempre muito claro, directo e apaixonado em relação a esse assunto. Sempre percebemos que em PT só dava Benfica naquela cabeça plena de humildade e naqueles pés cheios de classe. E isso, nunca cheguei a ver noutros jogadores que passaram uma carreira inteira no nosso clube.
Pormenores que marcam a diferença entre o tudo e o nada.
Claramente o Rui não é simbolo... Simbolo é o Figo dos lagartos !
Abraço
É incrivel como me revejo neste texto,quando falo no Rui Costa falo sempre no meu idolo de infancia,do jogo com o Parma em que juntamente com 120 mil pessoas lhe cantei os parabens,o medo por ele nao jogar em alvalade no 3-6...esta aqui tudo...parabens esta fantastico o texto.
Fui desperdir-me do melhor jogador que vi jogar,e sinceramente nao quero gostar de mais nenhum jogador,tive a sorte de ver jogar o Maestro,sou feliz por isso. Quando sai do estadio e a caminho de casa so pensava que nunca mais ia aparecer nenhum como ele no SLB,e as saudades que ja tenho do nosso 10...e que saudades dessa equipa de 93/94
Que falta que ele irá fazer em campo...
Conseguiste exprimir de uma forma soberba o que nós... sentimos!
Obrigado pelo texto.
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