Dínamo Bucareste - Benfica: Medeia (no Chapitô)*
Estava nervoso, confesso. Senti que o Benfica me ia colocar à prova. Os bilhetes estavam marcados, teatro às 22.00, mas tinha que apanhar os bilhetes às 21.30. O jogo é na Roménia e isso é bom. Começa às 18.45, acaba às 20.30, dá mais que tempo. Vou levá-la ao teatro e tudo parece correr bem.
De repente, ocorreu-me: e se formos a prolongamento? Caramba, 1-0 é um resultado repetível. E se ficar 1-0. Prolongamento e penalties... Ora, isso dá mais uma hora, descontraidamente. O que dá 21.30 e impede o teatro. Merda.
Ela gosta mesmo de ir ao teatro e eu gosto mesmo de ir ao teatro com ela. E ela vai ficar chateada se não formos. Muito chateada. Conheço-a o suficiente para saber que se não há teatro, há problemas. Merda.
O que é que faço? Conto a verdade? Explico-lhe tudo e mostro que sou tão doente que seria incapaz de ir ao teatro sabendo que o meu clube jogava um prolongamento europeu? Ou escondo? Mas se ficar 1-0 e se for para prolongamento, o que é que faço? Digo que estou doente? Vou e fico com olhar ausente e sempre ao telemóvel, à espera que o meu pai me relate os penalties?
Temos de marcar. Um golito cedo, que arrume logo a eliminatória e que me garanta logo que não há prolongamento. Marcar. Um lance de contra ataque, uma coisa rápida e cínica. Porque é que eu me meto nisto? Porque é que não marquei os bilhetes para sexta? Vou sofrer que nem um animal. O pior é que conheço suficientemente bem o Benfica para saber que há uma grande probabilidade de ficar 1-0. O Benfica tem por prazer sádico testar-me. Ver se eu me entrego ou não. Como uma namorada ciumenta, que quer sempre saber que é ela e só ela senão há birra. Tenho medo. Tenho medo que isto vá a prolongamento e eu ceda e invente uma desculpa parva e lhe diga que não quero ir ao teatro. Tenho medo da minha doença. Tenho medo que seja verdade e que eu ceda às birras do Benfica.
Por favor, Benfica, porta-te bem desta vez. Porta-te bem. Marca cedo. Não me encostes à parede. Eu gosto dela e quero ir ao teatro. Eu sou um rapaz saudável que consegue conjugar várias coisas. Uma pessoa pode gostar de futebol e de teatro, não pode? Porta-te bem, Benfica. Por favor.
A minha dedicação toda tem que ter um prémio, uma recompensa. Força Benfica.
*texto pensado no quarto de hora antes do jogo. Aconselho vivamente o Medeia e já agora, obrigado Benfica!
De repente, ocorreu-me: e se formos a prolongamento? Caramba, 1-0 é um resultado repetível. E se ficar 1-0. Prolongamento e penalties... Ora, isso dá mais uma hora, descontraidamente. O que dá 21.30 e impede o teatro. Merda.
Ela gosta mesmo de ir ao teatro e eu gosto mesmo de ir ao teatro com ela. E ela vai ficar chateada se não formos. Muito chateada. Conheço-a o suficiente para saber que se não há teatro, há problemas. Merda.
O que é que faço? Conto a verdade? Explico-lhe tudo e mostro que sou tão doente que seria incapaz de ir ao teatro sabendo que o meu clube jogava um prolongamento europeu? Ou escondo? Mas se ficar 1-0 e se for para prolongamento, o que é que faço? Digo que estou doente? Vou e fico com olhar ausente e sempre ao telemóvel, à espera que o meu pai me relate os penalties?
Temos de marcar. Um golito cedo, que arrume logo a eliminatória e que me garanta logo que não há prolongamento. Marcar. Um lance de contra ataque, uma coisa rápida e cínica. Porque é que eu me meto nisto? Porque é que não marquei os bilhetes para sexta? Vou sofrer que nem um animal. O pior é que conheço suficientemente bem o Benfica para saber que há uma grande probabilidade de ficar 1-0. O Benfica tem por prazer sádico testar-me. Ver se eu me entrego ou não. Como uma namorada ciumenta, que quer sempre saber que é ela e só ela senão há birra. Tenho medo. Tenho medo que isto vá a prolongamento e eu ceda e invente uma desculpa parva e lhe diga que não quero ir ao teatro. Tenho medo da minha doença. Tenho medo que seja verdade e que eu ceda às birras do Benfica.
Por favor, Benfica, porta-te bem desta vez. Porta-te bem. Marca cedo. Não me encostes à parede. Eu gosto dela e quero ir ao teatro. Eu sou um rapaz saudável que consegue conjugar várias coisas. Uma pessoa pode gostar de futebol e de teatro, não pode? Porta-te bem, Benfica. Por favor.
A minha dedicação toda tem que ter um prémio, uma recompensa. Força Benfica.
*texto pensado no quarto de hora antes do jogo. Aconselho vivamente o Medeia e já agora, obrigado Benfica!
8 Comments:
És doente.....
somos 2 ! mas isso na matéria de quem gosta de quem é treta o benfica nasceu connosco elas não !
É por isso,que qualquer pessoa que me conheça,sabe perfeitamente que no dia x (por o Benfica jogar,nem que seja a contar para a Taça Charcutaria Mendes) nem adianta tentarem contar comigo para qualquer tipo de acontecimento.
É engraçado como nós, adeptos da bola, somos todos iguais :-)
Eu consegui converter logo a minha namorada...hoje ela vai a todos os jogos que eu for...nao marca nada sem me perguntar a que horas joga o Benfica...é incrivel como este clube esta presente na minha vida...ela ate ja diz que temos de marcar o casamento para um dia em que o benfica nao jogue...
TODA A MINHA SEMANA É PROGRAMADA EM FUNÇAO DA AGENDA DO BENFICA. SOU DOENTE? SOU!!!
É uma doença que nos alimenta !
O dilema de todos os benfiquistas meu caro. Bom texto.
Cumprimentos!
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